quarta-feira, 24 de outubro de 2007

'Mesa para obeso ou não-obeso, senhor?'

Da France-Presse, via Folha Online:

    A luta contra a epidemia de obesidade que afeta ou ameaça 200 milhões de pessoas nos Estados Unidos deve se inspirar no combate ao tabagismo, comentou um especialista em uma conferência em Nova Orleans, nos Estados Unidos.

    "O que funcionou com o tabaco foi uma estratégia múltipla que impôs impostos sobre os maços de cigarros, proibiu aos menores o acesso ao tabaco, baniu o fumo dos lugares públicos", defendeu William Dietz, diretor de prevenção do CDC (Centro Federal de Controle de Doenças). "Não será uma ação isolada que fará a diferença, mas várias ao mesmo tempo", acrescentou o estudioso.

Ser obeso não é exatamente saudável. Tampouco o é fumar. Mas não sei se é o Estado quem tem que fazer algo a respeito disso.

Estimular uma alimentação mais saudável, estimular exercício, vá lá. É razoável. Mas o que mais funcionou contra o fumo foi o constrangimento imposto aos fumantes - não poder entrar em determinados lugares, por exemplo. Vá lá: cigarro incomoda quem está por perto e não fuma. Mas, de si para si, cada um que se mate do jeito que achar mais conveniente.

O que não é razoável é o estímulo à discriminação. Já pensou chegar a um restaurante e o recepcionista perguntar se a mesa é para obeso ou não-obeso?

4 comentários:

Tom disse...

Se uma população com muitas pessoas com problemas na massa corporal, devido a uma má alimentação e falta de exercícios, por exemplo, aumentando assim a despesa de um Estado com gastos públicos em saúde, por que não impostos a mais para quem não se preocupa com sua própria saúde?

Só não sei como fazer isso. Talvez uma boa educação e explicação científica decente para jovens durante o período é suficiente. Obviamente proibir uma pessoa obesa de frequentar um lugar seria patético.

Se o argumento é 'cada um que se mate do jeito que quiser', melhor então estimular outras formas de suicídio mais eficientes.

Marcelo disse...

Então: é razoável estimular uma alimentação mais saudável, desestimular a alimentação "trash" (cobrando impostos altos sobre comida gordurosa, talvez?), desestimular o uso do carro particular (o que estimularia a um pouco mais de exercício, pelo menos para caminhar até o ônibus). O problema é que, se a referência é o tabagismo, o que mais parece ter funcionado foi o constrangimento. Conheço gente que reduziu o cigarro por não poder fumar no trabalho, mas não conheço ninguém que tenha deixado de fumar um cigarro sequer por causa das fotos atrás dos maços. Se bem que conheço um sujeito que, quando lhe vendem um maço com a foto da impotência, pede pra trocar por um "que dê câncer". De qualquer forma, o "cada um que se mate do jeito que quiser" foi um arroubo retórico. Como não sou exatamente magro, fiquei ofendido com as possíveis implicações da proposta. Mas achei interessante a idéia de estimular formas de suicídio mais eficientes.

Tom disse...

"Mas achei interessante a idéia de estimular formas de suicídio mais eficientes."

Sou a favor da eutanásia voluntária. Se nosso nível de conhecimento atual não é suficiente para uma organização social justa para uma maioria, por que não dar o direito do indivíduo se matar de maneira eficiente e sem sofrimento?

Se eu tivesse uma vida como a de muitas pessoas que vejo nas ruas de cidades grandes (restrinjo a esse tipo de cidade pois foi onde vi absurdos com meus próprios olhos), optaria certamente pela eutanásia.

Não seria mais sensato abreviar a vida de alguém, se ele assim desejar, que viverá por anos em pior condição que a de muitos animais, que não a espécie humana?

O artigo da wikipédia sobre eutanásia possui referências interessantes:

http://en.wikipedia.org/wiki/Euthanasia

É um assunto complexo que deve ser analisado com calma. Poderiam dar todo argumento do mundo, mostrando pontos fortíssimos a favor da eutanásia voluntária como algo bom para a sociedade. Mesmo assim, acho que pouca coisa mudaria a respeito. Infelizmente crenças religiosas de todo tipo, por exemplo, influenciariam negativamente, na minha opinião, um debate público sobre o tema.

Marcelo, na questão da campanha anti-tabaco, o que você conhence não é tão importante, se comparado com análises estatísticas de algum órgão competente (ministério da saúde?). Não estou dizendo que sua crença é errada, apenas que o não é uma crença verdadeira justificada. Tenho minhas dúvidas se a campanha anti-tabaco funcionou mais por cause do constrangimento de quem fuma.

Quanto ao transporte coletivo, na realidade, sou a favor de um estímulo maior ao uso de transporte coletivo e mecanismos para a redução do trasnporte individual de forma pouco estruturada (vide a cidade de São Paulo, como ficará daqui 20 anos?! ainda bem que não estarei mais nessa cidade). Bom, outro assunto que deve ser tratado com cuidado - infelizmente poucos sabem disso ou, quando sabem, o máximo que fazem é reclamar para deus o fato de estarem esmagados dentro de um ônibus lotado ou trancados num carro numa via congestionada.

Também não sou tão magro, em comparação ao modelo de beleza que pregam por aí. Estou um pouquinho acima da massa adequada, segundo a organização mundial de saúde. Admito que a razão principal é a minha vida um pouco sedentária (tenho que voltar a fazer mais exercícios, se eu quiser viver mais tempo :-P). Não me sentiria constrangido se alguém me falasse isso, mas se alguém me proibisse de ir a alguma lugar por causa disso...

Marcelo disse...

Verdade. Vou pesquisar mais as estatísticas sobre cigarro, dia desses. Tem uma boa história aí.