Estive em Rondônia em janeiro de 2005, acompanhando a jornalista americana Barbara Crossette em uma palestra na universidade local. Conversei com vários jornalistas de Porto Velho e saí um tanto triste.
Os jornais têm uma qualidade baixa (em um deles, ao ler uma notícia sobre um assassinato, vi uma personagem que a notícia não informava se era testemunha, vítima ou acusada, por exemplo). Mais tarde, quando coordenei o projeto Deu no Jornal, da Transparência Brasil, vi o quanto de dependência política esses jornais tinham. A política é de faroeste. Os jornalistas vivem brigando entre si, por acusações de receberem por baixo dos panos de tal ou qual político. Não consigo duvidar da maior parte delas, embora seja difícil saber o que é ou não verdade.
Por isso, fiquei surpreso há alguns meses, quando o jornalista rondonense Roberto Kuppê ganhou na Mega-Sena e passou a fazer vários investimentos em Rondônia. Até um prêmio de jornalismo ele patrocinou, entre outras atividades. Fiquei pensando: ou esse sujeito é um otimista cego ou ele pretende se candidatar a alguma coisa. E pretendia mesmo. Mas uma coisa não exclui a outra, até porque ingênuo ele não parece ser. Kuppê chegou a pensar em candidatar-se, mas desistiu, desiludido com a política local. Agora, aparentemente, também desistiu do otimismo:
- Inicialmente projetei juntamente com minha equipe de trabalho, a construção de um mega complexo de atendimento multidisciplinar em terras que foram legalmente adquiridas e devidamente quitadas com pagamento á vista. Infelizmente, para minha surpresa fui acometido por um golpe terrível, maquiavelicamente articulado por um grupo de pessoas desonestas e inescrupulosas de Rondônia. Como se nao bastasse o primeiro golpe, outro empresário de Rondônia, de forma inescrupulosa, vinha assediando financeiramente a minha pessoa, persuadindo-me a comprar terreno na Lua, apartamento em Marte, etc.
Hoje, triste e magoado, movido por uma decepção avassaladora, diante as atitudes imorais a que fui submetido, venho de público afirmar que estou, desistindo de realizar um conjunto de investimentos sociais que sempre sonhei para a minha querida e inesquecível Rondônia. Desistindo também de realizar qualquer investimento no Estado, inclusive mudando o domicilio eleitoral para que não paire dúvidas sobre a minha decisão.
As observações dele fecham, de certa forma, com os padrões que observei e que tenho lido sobre o que ocorre por lá. Não conheço Kuppê e li pouco demais de seu trabalho para fazer qualquer juízo sobre o jornalismo que pratica. Mas se até um otimista local com dinheiro de sobra e aspirações políticas se entristece com Rondônia, é justo que um observador externo também se entristeça.
3 comentários:
Li suas consideracoes. Vxc estah correto. Roberto Kuppê, o retrato da indignacao
Só pra esclarecimento o assedio e o terreno foi vendido ao Kuppê ou para voce? não ficou claro na sua redação, mas de qualquer forma nao é so em Rondonia que existe esses tipos de gentinha, que tem o unico projeto de vida de se aproveitar das coisas alheias e principalmente das coisas publicas, nosso pais é repleto desse tipo de gente, o que realmente há é uma forte discriminação por nosso estado, não que aqui não tenha esses tipos, pelo contrario tem e muito, mas esta na hora de tratar, senão os governantes, mas pelo menos o povo ordeiro, trabalhador, sonhador que deixou suas origens para vir atraz de seus sonhos de seus ideias, merecemos um pouco mais de RESPEITO.
UM RONDONIENSE não de nascimento, mas de adoção, não nasci aqui, mas me considero mais rondoniense doque muitos que aqui nasceram.
Eu apenas reproduzi a queixa do Kuppê. Só fui a Rondônia uma vez, como especifiquei no começo. De fato, há gente desonesta pelo Brasil inteiro, pelo mundo inteiro. Mas em Rondônia, vi mais gente boa se queixar do efeito prático da desonestidade dessa gente na vida cotidiana de cada um.
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