Ao entregar ao ministro Gilmar Mendes a gravação da sessão que afastou o delegado Protógenes, o deputado Raul Jungmann fez uma daquelas eloqüentes declarações que fazem sucesso em Brasília e nos sites chapa-branca de algum lado:
- “Se for comprovado que ele cometeu os crimes, eu realmente espero que vá para a cadeia. Mas crime não se combate com crime”, disse Jungmann. “Senão vamos acabar aceitando tortura como método de investigação”
É isso aí, seu Jungmann. O deputado acende o sinal vermelho numa hora muito pertinente.
Já não é suficiente a Advocacia-Geral da União defendendo os milicos que torturaram no tempo da ditadura militar (posição justificada, aliás, pelo ministro Gilmar)?
Já não chega a falta de reação das otoridades depois do segundo dia quando subordinados atuais dos milicos do tempo da ditadura torturam maconheiros sem noção, ainda uns dias atrás?
Já não basta o Congresso onde pontifica o Jungmann e o Supremo onde pontifica o Mendes não conseguirem resolver o problema apontado em repetidos relatórios da ONU que denunciam a persistência da tortura nas cadeias e delegacias do Brasil?
Com tudo isso, já pensou se além de investigar atabalhoadamente também começam a torturar magnatas alegadamente picaretas tipo o Daniel Dantas? Acaba o Brasil.
Alguém tem que fazer alguma coisa a respeito, e o deputado Jungmann tocou na ferida na hora certa. Quando a tortura no Brasil passar dos quatro pês (que incluem o p de "passado"), a coisa vira um absurdo completo mesmo.
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