sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Ei, você aí...

Eu sou fãzaço da Lucy Kellaway, a mais ácida colunista do Financial Times. Especialmente quando o presidente Lula assina um PAC privado de R$ 100 bilhões e os empresários choram as pitangas porque uma das exigências pra levar a graninha da Viúva é a de evitar o mais novo esporte mundial, o de demitir em massa (aliás, ouça esta notícia do Onion Radio News).

Ora, cavalheiros, sejam machos uma vez na vida. Agradeçam, senhores, pelo fato de minha colunista favorita não fazer parte da equipe econômica. Ela os levaria a um reality show. Assim:

    No entanto, eu tenho uma idéia melhor para uma série de TV em tempos de recessão: ela também seria algo que prenderia os telespectadores diante da telinha, mas seria mais benéfica do que maléfica. Meu programa, que se chamaria "The Begging Bowl" (algo como "Passando o Chapéu"), faria presidentes-executivos de empresas em dificuldades competirem por empréstimos e esmolas. Eles fariam uma breve apresentação sobre si e depois seriam interrogados por um comitê. (Eu gosto de me ver como Sharon Osbourne- embora ainda seja misericordiosa.) Os telespectadores iriam então decidir quem deveria ser ajudado e quem deveria ser abandonado à própria sorte.

    Estar sob esse escrutínio televisivo certamente mudaria o comportamento das empresas para melhor. Pense no que aconteceria em dezembro, quando as três grandes fabricantes de automóveis dos Estados Unidos foram de chapéu na mão até Washington e tiveram que admitir na televisão que chegaram lá em três jatinhos executivos separados. Na vez seguinte, eles foram de carro.

    Perguntas deselegantes sobre salários e bonificações seriam rotineiramente feitas aos concorrentes em meu programa. Os presidentes teriam de falar sobre como suas empresas se enrolaram tanto e quais seriam suas propostas para tirá-las da lama. Aquelas como a Land of Leather, a companhia britânica de sofás que quebrou na semana passada apesar de ter sido bastante prudente, poderiam acabar sendo salvas pela vontade popular.

    Você pode dizer que o público é ignorante demais para decidir sobre assuntos complicados como esse. Mas os bancos fizeram uma bagunça tão grande ao decidirem para quem emprestar no passado, que o público dificilmente se sairia pior.

    Você também pode se perguntar de onde viria o dinheiro do socorro. Mas se um holandês pode passar US$ 1 milhão de seu próprio dinheiro para operadores novatos, eu realmente não vejo porque Gordon Brown (o primeiro-ministro britânico) não poderia colocar os 20 bilhões de libras que estão sendo disponibilizados para empresas com problemas no chapéu da televisão e deixar os contribuintes decidirem quem merece o quê. Afinal de contas, o dinheiro é deles.

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