segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Mais sobre jornalismo e dados

Comentei recentemente que os jornais online brasileiros não têm o hábito de incluir em notícias sobre estatísticas e estudos interessantes os links para ter acesso à íntegra.

Hoje, no Poynter Online, fico sabendo de uma nova função que vem surgindo aos poucos nas redações americanas: o "editor de entrega de dados", por falta de tradução melhor.

Esse sujeito coloca na internet a íntegra de todas as estatísticas interessantes que circulam no noticiário e que são importantes para os leitores locais do jornal. Alguns exemplos interessantes citados pelo Poynter:


Uma coisa que esses sites têm em comum, além da função, é que são de jornais pequenos, pouco conhecidos. Em empresas maiores, a estrutura hierárquica é tão grande que muitas vezes um departamento não sabe o que o outro está fazendo. Estruturas menores têm mais mobilidade.

Há um ano, escrevi para o Observatório da Imprensa o artigo "A miopia informativa da mídia tradicional". Nele, eu comentava o sucesso do Projeto Excelências e especulava sobre o fato de a iniciativa ter sido encarada por uma ONG de poucos recursos, antes de qualquer jornal (que dispõe de orçamento e profissionais de informação e informática). Três hipóteses levantadas:

    1. Os meios de comunicação brasileiros ainda não têm familiaridade suficiente com a questão do direito de acesso a informações públicas, e não sabem trabalhar bem essas informações a serviço de seus leitores.

    2. A chamada “convergência” dos meios de comunicação é ainda uma falácia. Jornalistas e informatas não aprenderam a dialogar – nem em empresas que empregam as duas classes de profissionais – para bolar novas formas de apresentar a informação ao eleitor.

    3. A orientação dos portais de internet das empresas de mídia ainda é mais comercial do que jornalística.

É possível que o motivo real esteja num misto dos três fatores. No caso da não-publicação dos links para a íntegra de pesquisas, inclua-se como fator o fato de a maioria dos jornalistas ter sérios problemas com a maledetta matemática. Eu incluído, embora eu reconheça minha limitação e tente diminuí-la.

Pessoalmente, eu não ficaria nem um pouco triste se tivesse a oportunidade de fazer algo como essas seções indicadas pela Poynter no site de algum jornal brasileiro. Até tenho algumas idéias a respeito.

Um comentário:

Paulo Henrique disse...

Grande Marcelão!!! O problema da "cathiguria" é falta de formação, mesmo. Não sabemos matemática, muito menos informática básica. E, pasme: não sabemos trabalhar com informação!!!
Boa sorte nas novas empreitadas, guri!
abraço