O melhor termômetro de como anda o Brasil é observar a forma como as autoridades fazem todo tipo de malabarismo pra escapar das questões espinhosas.
A delegada Liane Martins, que está investigando se houve abuso da polícia no caso da garota de 15 anos que foi presa numa cela cheia de homens no Pará, traz informações que certamente hão de aliviar a responsabilidade dos policiais no caso:
- "Ela sofreu abuso, mas não foi na dimensão que está sendo divulgado. Não aconteceu todos os dias, com vários presos. Teve um preso que forçou manter relação [sexual] com ela. Isto é um fato que está sendo comprovado com os relatos dos presos"
Não é reconfortante saber que não foi todos os dias e nem com todos os presos? Agora, que sabemos que ela só era estuprada por alguns, nem todo dia, todos podem dormir tranqüilos. Enquanto isso, a Folha informa que a delegacia tinha outra cela, onde a garota poderia ter ficado isolada.
O presidente da OAB, Cezar Britto, resume bem, no Blog do Josias: "Mata-se [o índio] Galdino e dizem 'desculpa, pensei que era um mendigo'. Ataca-se uma empregada doméstica, 'desculpe, pensei que era uma prostituta'. Agora se diz a mesma coisa, 'não sabia que era uma adolescente', como se fosse menor o crime de ter uma mulher sendo estuprada sob os olhos coniventes do aparelho estatal."
Noutro campo, O Globo procurou aprofundar, neste final de semana, o estudo que a Transparência Brasil fez quando eu estava lá sobre os custos do Legislativo (veja aqui as matérias sobre Minas Gerais e o Congresso).
Na Assembléia Legislativa de São Paulo, há a questão de a obra do anexo custar o triplo do orçado - assunto de que tratei aqui outro dia. Mas sabe o que é que escandaliza mesmo os deputados? Dança de travesti no plenário. Vá lá: deve ser constrangedor mesmo. Mas a reação deles mostra uma vitalidade de debate no parlamento paulistano como eu nunca tinha visto antes. Coisa que não acontece pra discutir assuntos chatos como os gastos.
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Como eles gastam tanto - 2
Mundo cão
3 comentários:
Adoro seus posts no www.gafanhoto.com.br e tb seu blog... muito assunto bacana e instrutivo...PARABÉNS!!
Esse nosso país einh!!! acho que está faltando um ativismo por nossa parte ou um ciberativismo... o lance é mesmo "por a boca no trombone"
Oi, Gabriela! São duas ou uma só?
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