O site da Câmara informa:
- A Procuradoria Parlamentar vai investigar a denúncia de que parlamentares da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara teriam recebido propina, em 2003, para votar projetos que favoreceriam a empresa Telecom Itália. Nenhuma das denúncias, publicadas pela revista italiana Panorama, cita nomes.
Depois de passar oito meses na cadeia, o ex-chefe de segurança da Telecom Giuliano Tavaroli disse que a empresa teria pago 300 mil dólares a parlamentares brasileiros.
Os pagamentos teriam sido feitos em dinheiro vivo a integrantes da comissão, por meio de um intermediário, num hotel em Brasília. Tavaroli não informou quais seriam os políticos beneficiados. Segundo Júlio Semeghini, hoje presidente da comissão, serão averiguadas todas as proposições analisadas pela comissão entre 2002 e 2003 para verificar se alguma delas poderia favorecer a Telecom Itália no Brasil.
Tavaroli, ex-chefe de segurança da Pirelli e da Telecom Itália, foi preso em janeiro, por invadir o sistema de computadores do jornal italiano Corriere della Sera. Já nessa época se falava nas propinas brasileiras, mas sempre sem dar endereço aos bois.
Nesta semana, Diogo Mainardi comentou o assunto na Veja. O colunista acredita que se tratem de políticos petistas, o que a matéria da Panorama não informa, pelo que me indica o pouco que entendo do italiano. Em setembro, a revista CartaCapital publicou entrevista com Angelo Jannoni, ex-segurança da Brasil Telecom e da TIM. Para ele, a versão de que havia propina foi "desmentida pela realidade", seja lá o que for isso.
O pano de fundo disso é um negócio bilionário - o da telefonia. Cada vez em que nós damos um alô aos amigos ou fuçamos algo na internet, esse negócio engorda. Há sete anos, três empresas concentravam quase 80% do setor. Não pesquisei dados mais precisos, mas hoje o negócio deve estar ainda mais concentrado.
Duas empresas - a Telecom Itália e a Brasil Telecom - durante boa parte desta década travaram uma luta de foice para engordar seu quinhão da concentração. Isso incluiu espionagem. A Brasil Telecom, então pertencente ao Opportunity, contratou a Kroll Associates para espionar se membros do governo levaram propina da Telecom Itália. Esta, por sua vez, também montou seu esquema de espionagem sobre a concorrente.
Sempre que a história aparece na imprensa, ela vem fragmentada. Ou com mais peças de um lado, ou com mais peças do outro. O jornalismo acabou virando o campo de batalha da queda-de-braço entre fortíssimos interesses econômicos. Além de políticos, segundo o Ministério Público italiano, a Telecom Itália também teria jornalistas em suas listas da propina. No Brasil, já se acusou o Opportunity de comprar reportagens.
É o que o Claudio Tognolli, no livro "Mídia, Máfias e Rock'n'Roll", chama de "Teles-Jornalismo". O que de fato houve deve estar perdido em algum ponto no meio do caminho entre os tons grafite de Veja e o rosa-bebê da CartaCapital.
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