O deputado Paulo Pereira da Silva, metalúrgico e presidente da Força Sindical, vem falando publicamente na intenção de orquestrar uma chuva de ações contra a Folha e O Globo. Ações essas declaradamente inspiradas nas da Igreja Universal.
"Se a Folha parar, vamos rever a entrada de ações", disse sua excelência. "A Universal ensinou como a população brasileira deve agir contra a imprensa que não dá direito de resposta".
Mas parar com quê, mesmo?
Com coisas como esta reportagem. Ela relata um levantamento, feito pela Controladoria-Geral da União, de convênios irregulares do Ministério do Trabalho.
- Os convênios com problemas foram feitos sobretudo por três centrais sindicais: Força Sindical, CUT e Associação Nacional dos Sindicatos Social Democratas.
A Força é presidida pelo deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP). A CUT teve entre seus presidentes o antecessor de Lupi no ministério, Luiz Marinho. As centrais são apontadas como não tendo efetuado a contrapartida financeira definida nos projetos de qualificação e reinserção do trabalhador no mercado entre 2000 e 2003. Os valores pendentes, disse a CGU, são: R$ 15,5 milhões no caso da Força; R$ 2,4 milhões no da CUT e R$ 12 milhões no da Social Democratas.
Isso não é "esculhambação", como diz Paulinho. É informação.
A matéria cita trecho do relatório que inclusive é positivo para a Força:
- "Após a visita [por amostragem] realizada por essa comissão a alguns sindicatos filiados à Força (...) foi possível constatar que realmente a entidade pode contar com os espaços físicos para a realização dos cursos"
O deputado foi ouvido pelo jornal, para ter a oportunidade de dizer o que é e como é. Ele indicou um assessor de imprensa para dar parte da resposta. Este mostrou um relatório demonstrando uma contrapartida. Só sei disso porque foi publicado.
A "esculhambação" apontada pelo deputado, tecnicamente, não existiu. Até porque ele teve oportunidade de se manifestar na reportagem. Mais adiante, em carta enviada ao jornal, ele se ocupa mais em morder e assoprar o jornal e cutucar o repórter Fernando Canzian do que em registrar sua versão dos fatos.
Esculhambação, quer-me parecer, é o macaqueamento de aventuras judiciais duvidosas e que vêm sendo derrubadas aos montes em julgamento.
Mas, cá pra nós, não entendi direito o que levou Paulinho a sair anunciando isso aos quatro ventos. Nem o Edir Macedo admite a paternidade das ações da Universal. O deputado merece o editorial da Folha.
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