Morreu o empresário Cecílio do Rego Almeida, dono da empreiteira C.R. Almeida. Era um dos maiores donos de terras no Brasil. De suas terras, 6 milhões de hectares no Pará eram considerados grilados segundo as autoridades. Vale a pena ver para quem sua empresa doou em 2006.
Foi saudado da seguinte forma pelo governador do Paraná, Roberto Requião:
- "Era meu amigo pessoal, empresário corajoso e de destaque nacional. Ele teve a ousadia de denunciar a corrupção quando teve oportunidade. Cecílio deixou sua marca por onde andou."
Requião, o amigo pessoal do empresário com fama de megagrileiro, é o governador que caiu no trote do Guaraná Antarctica sobre a venda da Amazônia, diga-se. No vídeo em que ele cai no trote, ele faz uma apaixonada defesa da floresta contra os interesses estrangeiros. Tudo bem, ele não sabia que o vídeo era trote. Mas, tendo sido ele sincero no discurso, seria interessante contrastar isso com o que ele eventualmente pensava sobre as atividades do amigo.
A amizade se estende à família. O filho do empresário, o deputado federal Marcelo Almeida, foi secretário de Obras de Requião. É pré-candidato à prefeitura de Curitiba pelo PMDB de Requião.
Em 1995, o falecido empresário era acusado de grampear conversas telefônicas do senador Alvaro Dias, adversário político de Requião. Quando um repórter da revista Veja foi ouvir sua versão, Almeida o trancou em seu apartamento e ameaçou agredi-lo caso não revelasse suas fontes. Mais adiante, ele tentou marcar uma entrevista com o repórter no meio do mato. O jornalista declinou.
A CPI da ocupação de terras públicas na Amazônia apontou o empresário como um dos maiores grileiros do mundo (baixe aqui o relatório). Por denunciar a grilagem, o jornalista paraense Lúcio Flávio Pinto foi processado por Almeida. E condenado a pagar indenização por danos morais.
No ano passado, a Justiça determinou que ele desocupasse um naco de terra de tamanho equivalente ao da Holanda e da Bélgica juntas. Lúcio Flávio está recorrendo.
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