De como o futebol explica a política

Há algumas semanas vieram perguntar o que eu achava do tal "dossiê Veja", do Luis Nassif, perguntando por que eu não falava dele no blog. Usei uma velha piada de português pra ilustrar:

É claro que há coisas estranhas acontecendo na Veja, é claro que elas devem ter motivos e é possível até que sejam os descritos pelo Nassif. Mas os textos dele me lembram às vezes aquela piada do português que pergunta pro outro: "Tens aquário em casa? Não? Então és gay", depois que alguém ensina lógica a ele levando do aquário ao peixe, do peixe à sereia, da sereia à mulher e da mulher à macheza. Ainda falta todo o meio do caminho. Talvez surja. Ainda não surgiu.

Gravataí Merengue, do Imprensa Marrom, chegou a apoiar inicialmente o dossiê (e, salvo engano, o Google bombing sobre o assunto). Mas, nos últimos dias, várias coisas o fizeram mudar de idéia.

Primeiro, ele analisou acusações que o ex-colunista da Folha fez contra uma ex-repórter da Folha (de quem só conheço o que escreve no blog, portanto não tenho elementos para julgar absolutamente nada). Depois, por conta dessa defesa, o Nassif ligou para a chefe do blogueiro (a vereadora Soninha), praticamente pedindo sua cabeça.

Com isso, o Gravata chegou mais ou menos à mesma conclusão que eu a respeito da natureza do material. Majestosamente descrita por ele da seguinte forma:

DOSSIÊ CORINTHIANS

Funciona assim:

a) Eu tenho raiva do Corinthians e sei que metade do país tem raiva do time;

b) Escrevo alguns artigos "ligando pontos" e mostrando que o Corinthians é isso e aquilo;

c) Ganho a simpatia de todos os anti-corintianos e, em pouco tempo, me transformo no paladino da justiça que pretende acabar com a hegemonia alvinegra;

d) Passo a incluir, no "Dossiê Timão", todo tipo de informação que me der na telha, pois estou blindado pela imagem de paladino;

e) Se alguém encontrar algum furo no que eu digo, os demais seguidores da minha recém-fundada "seita anti-corinthians" o agredirão com paus, pedras e o fim do caminho;

f) Fico torcendo para que a lucidez jamais vença essa briga.

Não pensem com isso que é uma coisa sem importância, que é mero folclore. Tem coisas grandes em jogo e todos eles teriam mais o que fazer da vida, se o fosse. Mas o jogo mesmo não está nos blogs, embora os blogueiros acabem sendo atingidos pela briga de bugio. Como não tenho nada a contribuir, ao menos por enquanto, eu fora. Até porque nunca entendi as regras do truco.