sexta-feira, 4 de abril de 2008

Inimigos imaginários

Atenção para a lista abaixo. Ela mostra dois novos e um velho inimigos do povo consciente latino-americano.



MICKEY MOUSE é um inimigo do povo da Venezuela, desde que o presidente Hugo Chávez acusou a Reuters de "terrorismo midiático" e de receber ordens da CIA pra distribuir pelo mundo a foto tirada no Brasil por Lula Marques, fotógrafo da Folha. Por acaso, Marques foi também o autor de uma foto de FHC com Bill Clinton muito usada no passado em programas eleitorais do PSTU. Nela, FHC estava no degrau de baixo da escada, com um largo sorriso quando Bill Clinton colocou as mãos em seus ombros. Ou seja: Lula Marques é um inimigo até da esquerda que esquece o que escreveu. (Deve-se dizer, porém, que não lembro de nenhuma reação do gênero vinda da parte do então presidente, quando a foto saiu.)



BOND, JAMES BOND é um inimigo do povo boliviano. O vice-ministro da Cultura da Bolívia disse que o novo filme do implacável espião, gravado no Chile, estigmatiza os bolivianos como traficantes. Aliás, o prefeito da cidade chilena onde está sendo gravado o filme também reclamou de saber que "Quantum of Solace" vai confundir Chile com Bolívia.

Claro, isso não é uma exclusividade bolivariana.



HOMER SIMPSON foi declarado inimigo do povo brasileiro no final do governo FHC, por causa de um episódio em que Homer era seqüestrado no Rio. A repercussão foi tão grande que Matt Groening voltou a tirar sarro da questão por diversas vezes. Acadêmicos da comunicologia estudaram o fenômeno do ponto de vista do que isso significa em termos de geopolítica.

Como todos os problemas reais desses países já estão resolvidos, eles têm todo o direito de adotar inimigos imaginários, não é mesmo?

Um comentário:

Orlando Tambosi disse...

Boa, Marcelo. Por aqui, a coisa só poderia cair nas graças da comunicologia...