Leio uma notícia interessante no site do PNUD: uma ONG pernambucana, com grana da ONU, solicita a meninas carentes que reescrevam de maneira politicamente correta letras de músicas consideradas machistas. Geralmente, trata-se de crássicos da brega-music. Mano Velho deve conhecer todos.
- Nas oficinas promovidas pela instituição, meninas de rua ou muito pobres, de 12 a 21 anos, identificam trechos de músicas que tratam a mulher de maneira pejorativa e os recriam. Assim, a música "Piri Piri Piri", que era cantada como "Eu sou comprometida e não quero confusão/ Quem sabe escondidinho, num lugar bem escurinho/ Uma ou duas vezes a gente dá um jeitinho", virou "Eu sou tua amiga e não quero traição/ Quem sabe amiguinho, eu só quero teu carinho/Uma ou duas vezes a gente vai ao barzinho".
A noção de infidelidade da mulher também é invertida no brega "DNA". O original "Essa mina é safada e tá querendo te enganar/ Pois ela já ficou com vários amigos seus/ Agora engravidou e disse que esse filho é teu" virou "Essa mina é uma gata e tá querendo te ganhar/ Pois ela nunca ficou com nenhum amigo teu/ Agora engravidou e com certeza esse filho é teu". Em outro trecho, o que era chulo vira afeto: "Beijo na boca é coisa do passado/ A onda agora é... vem na pegada/ Pegada do papai e toma, toma, toma" ficou "Beijo na boca é coisa muito boa/ A onda agora é beijar o meu amor/ Vem, vem, vem, pois você é o meu amor".
Vá lá, eu detesto música brega. Mas sou ainda mais contrário à censura politicamente correta. A melhor censura que se pode fazer ao brega é dar elementos pro pessoal se interessar por outros tipos de música. Age no lado da demanda.
Isso me lembra a tosqueira do “não atire o pau no gato”. Na prática, fora a satisfação politicamente correta de quem empurra essas coisas goela abaixo, qual é o efeito disso?
O grande problema é pegar um troço descartável e sabidamente tosco e tentar transformar em algo “edificante”. Quer-me parecer que seria muito mais interessante usar essa grana para ensinar essas gurias a fazerem as suas próprias músicas, com instrumentos e tudo mais. Mas aí dá mais trabalho e menos discurso, não é mesmo?
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