terça-feira, 22 de abril de 2008

Sem referência nenhuma

Agora há pouco, conversando com um amigo paraguaio, o Rene, sobre a eleição de lá, ele me falou que a imprensa de lá afirma ser o partido Colorado o que mais tempo ficou no poder em um país: 61 anos. Estranhei e perguntei: "ué, e o PRI, do México?" Fomos pesquisar. O Partido Revolucionário Institucional ficou mais de 70 anos no poder.

Foi aí que eu lembrei de uma manchete que li no Telegraph quando estive em Londres: Heathrow, o aeroporto internacional britânico, foi classificado numa pesquisa internacional como o pior do mundo. Por lá, se falava em caos aéreo. Até então, eu tinha quase certeza de que Congonhas era o pior do mundo. Como tive a experiência pessoal de passar por Congonhas e por Heathrow, atesto: o de Heathrow parece um arrastão. Isso não exime Congonhas de ser um terror.

Sempre que se fala em reformar o sistema de financiamento de campanhas no Brasil, aparece algum paladino dizendo que tem que ser tudo pago pelo contribuinte, porque na Europa é assim. Nenhum dos jornalistas que anotam essas aspas se dá ao trabalho de checar. Na verdade, existe um certo grau de financiamento público em vários países da Europa, mas no Brasil também - o horário eleitoral gratuito é o sonho de políticos do mundo inteiro, e o fundo partidário garante uma graninha para todos os partidos.

Tudo isso demonstra que muitas vezes o debate sobre questões importantes fica prejudicado porque o pessoal não se dá ao trabalho de fazer comparações com o que ocorre em outros países. Antes da internet, vá lá: era bem mais complicado. Hoje, porém, não existe desculpa para não ter referência. Referência é tudo.

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