Mais do SPC dos políticos

O TSE amarelou. Diz o ministro Ayres Britto, presidente da Casa, que não vai mais divulgar a folha corrida dos políticos, apenas facilitar o acesso a ela. Como? Não se sabe ainda.

Hoje, já é relativamente fácil pesquisar os antecedentes dos políticos. Basta ter tempo e os nomes dos simpáticos, entrar nos sites dos tribunais e dar uma pescadinha. Ninguém proíbe nenhum eleitor de fazer isso. O que não existe é um lugar oficial (o Excelências é iniciativa independente da sociedade civil) que centralize as informações sobre esses processos. Pela declaração do ministro, tampouco será criado. Assim sendo, parece que vai continuar como está para ver como é que fica. Vamos ver o que a Associação dos Magistrados do Brasil vai propor.

Já o presidente do TRE do Rio atribuiu ao mérito próprio, por levantar o debate sobre a vedação às candidaturas de políticos de ficha suja, o fato de que "nenhum" político de mau histórico foi eleito por lá.

Duas observações, apenas:

1) Não foi por mérito do TRE do Rio que os eleitores ficaram sabendo da ficha suja dos políticos. Muito foi por conta do trabalho da imprensa, outro tanto pela repercussão do caso dos Sanguessugas (desses, nenhum foi eleito no Rio mesmo) e mais um pouco pelo fato de o Excelências ter colocado as folhas corridas na internet para qualquer eleitor ver. Porque não adianta fazer a exortação se o eleitor não tem informação.

2) Mesmo assim, não é verdade que "nenhum" político de maus antecedentes tenha sido eleito no estado do Rio. Segundo as estatísticas do Excelências, 27 dos 70 deputados estaduais cariocas - que foram eleitos ou reeleitos em 2006 - têm ocorrências na Justiça e nos tribunais de contas. Isso dá 4 em cada 10 deles. É a mesma proporção geral da Câmara dos Deputados. Nela, aliás, há 17 deputados federais do Rio de Janeiro com pendências na Justiça e em tribunais de contas. Como a bancada do Rio dispõe de 46 deputados em exercício, os de folha corrida representam 37% dela.

Doutor Wider é um otimista, portanto.