segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Segredos de polichinelo


Pegou mal a insinuação que a Marta Suplicy andou fazendo sobre a vida privada do prefeito Gilberto Kassab.

Não tenho simpatia política ou pessoal por nenhum dos dois - caso a eleição dependesse apenas do meu voto, o segundo turno poderia acabar sendo decidido no palitinho ou no cara-e-coroa -, mas não posso deixar de lamentar. Serviu para trazer a debate público o que já se sabia nos bastidores - seguindo uma longa e chata tradição. Mas a única relevância política do ataque poderá ser sentida no pé da ex-prefeita, após o tiro que desferiu. Agora, ela culpa o marqueteiro.

Marta teve sorte de não ter enfrentado a si própria em 2000, quando venceu a eleição. Tal como a questão pessoal do Kassab, a transição conjugal da candidata também era conhecida de todos que acompanhavam os bastidores, muito embora ela ainda posasse para fotos apaixonadas com o senador que lhe deu o sobrenome.

Nunca esqueço uma que saiu na Economist, com uma terna foto do senador beijando a boca da então esposa sobre a legenda "Sao Paulo’s sexologist needs no lessons from Tipper and Al Gore" - era essa foto aí de cima. Falava-se à boca pequena do affair da candidata com um argentino pintoso - com quem passou a viver no ano seguinte, após deixar o senador. Mas não lembro de ver isso em debates ou na propaganda eleitoral. Velhos tempos, hein?

O fato de que os marqueteiros empacotam o discurso dos candidatos feito sabonete é menos secreto do que a vida pessoal do Kassab, e há muito mais tempo. O que me deixa perplexo é ver mais um prego sendo batido no caixão do debate político minimamente civilizado pela simples lógica do Gre-Nal.

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