quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Fazendo as contas

Na segunda-feira, o Valor publicou uma entrevista com o cientista político Wanderley Guilherme dos Santos, com o provocativo título "Governo erra na crise e favorece oposição" (leia aqui, se for assinante). A certa altura, ele afirma:

    Se o problema é de poder de compra que estaria atrapalhando o crescimento o governo faria melhor em estender o prazo e aumentar o valor do seguro desemprego.

    (...) O governo deveria garantir o poder de compra da população, garantir que ela poderá continuar se endividando. A taxa de inadimplência não aumentou nos últimos seis anos. As famílias endividam-se no limite do que podem pagar. O Estado tem que fazer alguma coisa na área social. Não estou de acordo com corte fiscal em favor de segmentos que têm recursos. Isto reduz a possibilidade de o Estado continuar investindo em infra-estrutura e prejudica o contribuinte.

Fiquei intrigado com a questão do seguro-desemprego, então fui atrás de alguns números. Para o Orçamento de 2009, serão destinados R$ 23,8 bilhões ao seguro-desemprego. Isso é 14,4% mais do que foi neste ano.

É muito ou pouco? É mais do que os R$ 4 bilhões emprestados para as montadoras de carros darem crédito a quem quer comprar sua nova prisão de lata. Ou que os R$ 10 bilhões liberados em crédito pra garantir a alegria dos varejistas no comércio do natal. Mas é menos de um quarto dos US$ 53 bilhões postos no mercado pra segurar a alta do dólar.

São dimensões diferentes, mas com impactos diferentes em fatias diferentes da população.

2 comentários:

Altavolt disse...

Posso não concordar em tudo, mas gosto muito das suas provocações, caro Marcelo. É de discussões e propostas assim que a blogosfera precisa! Fazendo as pessoas refletirem sobre os acontecimentos! Parabéns! Aproveito para desejar um Feliz Natal e um excelente ano novo! (Para todos nós, se conseguirmos! rsrs)

Marcelo disse...

Altamir, essa é a parte boa. Escreva mais aqui quando discorda também. Talvez haja algum ângulo que eu não esteja vendo. Até gosto das minhas opiniões, mas gosto ainda mais de descobrir coisas. Se alguém me aponta algo muito sólido que contraria minha opinião, posso facilmente reformá-la. Volte sempre, neste ano e no próximo.