
A nova crise brasileira é a Crise do Sifu, dileta filha da Crise do Top-Top. Um dos aspectos mais debatidos sobre os impactos da crise econômica no Brasil é a prerrogativa (ou falta dela) para o presidente usar termos como "sifu" e "diarréia" em seus discursos.
Tudo começou quando, ao lançar o fundo do audiovisual, o presidente comentou desta maneira a forma como vem negando que o Brasil esteja em crise:
- Imaginem vocês, se um de vocês fosse médico e atendesse a um paciente doente, o que vocês falariam para ele? Olha, companheiro, o senhor tem um problema, mas a medicina já avançou demais, a ciência avançou demais, nós vamos dar tal remédio e você vai se recuperar. Ou você diria: meu, “sifu”. Vocês falariam isso para um paciente de vocês?
O argumento tem sua lógica, diga-se, embora eu não goste do exagerado tom de rosa com que o governo pinta o cenário. Mas, por iniciativa da oposição no Congresso, o problema é o Sifu da discórdia. Essa mesquinharia entra na conta da política bravateira e do jornalismo declaratório que se tem no Brasil, infelizmente. Viva-se com eles.
Eu, pessoalmente, acho que todos têm direito de usar o Sifu. Pode soar grosseiro a ouvidos de fada, vá lá, mas está longe de ser um escândalo. A forma como o governo lida com a crise envolve coisas bem mais complicadas do que o palavreado do presidente. Por exemplo: a secretaria de imprensa do Planalto omitiu voluntariamente a divulgação da íntegra do discurso do presidente ou não?
Ela esqueceu de enviar o discurso a todos os jornalistas que recebem por e-mail rigorosamente todos os discursos do presidente, num serviço importante prestado por ela a qualquer um que queira acompanhar melhor a política brasileira. Muitas vezes, eu só entendo de fato o que estava sendo dito quando, instado por uma aspa selecionada, vou atrás do discurso inteiro. Segundo o Josias de Souza, originalmente quando o texto foi para o ar o "sifu" não estava lá. Estava como "inaudível".
Obviamente, como sói acontecer no Brasil, a secretaria de imprensa do presidente diz que não enviou por erro, e não por censura. E também diz que originalmente tirou o sifu por erro, e não por censura.
Tendo sido a omissão de fato voluntária, por parte de algum assessor mais realista que o rei que tenha esquecido a invenção da televisão, que raio ele estava pensando? Tudo bem que ele calculasse que essa ia virar a irrelevância mais comentada da semana, dando ensejo a ataques ao Lula, mas adiantou? Não, só abriu mais um flanco. A própria assessoria do Planalto reconhece isso:
- “Seria inútil tentar fazer no texto algum tipo de censura, já que também disponibilizamos o áudio dos discursos”, afirmou o secretário de imprensa.
O que me preocupa não é se o presidente disse "sifu" ou não. O que me preocupa é se o país vai "sifu" ou não. O governo vem negando e dizendo para todo mundo torcer pelo Brasil. Aliás, era exatamente disso que ele falava quando soltou o sifu da discórdia. Mas, até aí, a assessoria de imprensa do presidente também negou ter omitido voluntariamente o discurso.
- SERVIÇO: A íntegra do discurso, com "sifu" e tudo, está neste link.
"Ilícito - O ataque da pirataria, da lavagem de dinheiro e do tráfico à economia global"
"McMáfia - Crime Sem Fronteiras"
"Ensaios Céticos"
"O Operador - Como (e a mando de quem) Marcos Valério irrigou os cofres do PSDB e do PT"
"A Ética da Malandragem"
"The War Within"
"Morte e Vida de Grandes Cidades"
"Freakonomics"
"A História do Mundo em 6 Copos"
"Devagar"
"Raising Sand"
"The Complete Recordings"
"The London Sessions"
"Kind of Blue"
"Kind of Blue - A história da obra-prima de Miles Davis"
"A Love Supreme"
"A Love Supreme - A criação do álbum clássico de John Coltrane"
Um comentário:
Quem invariavelmente sifu é o povo brasileiro!!!
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