sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Mendes e a Operação Dragão

O novo debate declaratório da imprensa nacional é o seguinte: o onipresente e oniloqüente ministro Gilmar Mendes acabou ou não acabou, a golpes de aspas, com o estado policial que em sua opinião ameaçava os brasileiros?

Ele diz que sim ("e não recuso os méritos", disse com sua habitual modéstia). O ministro da Justiça diz que não, e que nenhum poder causou a mudança da PF.

Houve uma modificação na PF, especialmente em sua cúpula - que foi toda reformulada. O bate-boca dos últimos meses, que usou os jornalistas como meninos de recados das aspas de cada lado, certamente ajudou nesse direcionamento. Mas também não foi o único fator: há disputas internas de poder muito fortes lá dentro, pelo que entendi.

Não dá para afirmar, com garantia, que foi o Gilmar Mendes quem mudou sozinho a PF a golpes de aspas. Mas certamente foram os pontos que defende os que mais saíram ganhando com isso. Deixo aos especialistas se digladiarem sobre se isso é bom.

Quanto mais eu vejo esse bate-boca, mais eu lembro de uma metáfora feita pelo Márcio Chaer, diretor do site Consultor Jurídico e amigo do ministro, no congresso da Abraji em 2005. Ele é faixa-preta em artes marciais (não lembro quais). Então, comparou a forma como os alheios observam esses embates jurídicos aos filmes do Bruce Lee. Segundo ele, o que torna as cenas de luta desses filmes empolgantes para os leigos é a sonoplastia. Quem conhece artes marciais vê apenas um balé barulhento.

Eu diria até mais. A pior situação, nesse caso do direito, é a de quem sabe que o barulho está lá só pra enganar, mas não conhece Katchanga-Fu o suficiente pra saber o que de fato está ocorrendo. Para esses, o filme vira apenas um espetáculo ridiculamente constrangedor onde só quem realmente apanha com certeza é a platéia. Imaginem um filme do Bruce Lee dirigido pelo Zé Celso, por exemplo.

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