quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Sujeiras e sujeiras

Uma das estrelas do noticiário natalino é a cobertura sobre a inadimplência - o famoso "nome sujo na praça". Neste ano, com a crise no crédito, mais ainda.

Boa parte das notícias usa tranqüilamente a expressão "nome sujo", porque é essa a expressão usada popularmente para essa incômoda situação:

    Foi lançado, nesta terça-feira, na capital paulista um novo serviço que vai ajudar quem está com nome sujo na praça. O Posto de Conciliação Extraprocessual do Trabalhador é mais uma ferramenta para quem quer sair da lista do Serviço de Proteção ao Crédito. (O Globo)

    Currículo 'sincero' faz sucesso na internet
    Candidato escreveu que não sabia falar inglês e estava com o nome sujo.
    Ele escreveu o currículo após ficar três meses sem emprego. (G1)

    Inclusão indevida
    CDL responde por nome sujo mesmo se receber dado errado (Consultor Jurídico)

O cidadão pode ficar com o nome "sujo" tranqüilamente. O político não, mesmo estando processado por desvio de dinheiro público. Você deve lembrar do noticiário da eleição.

    A percepção pública é que uma associação de magistrados é a reunião das pessoas que exercem o poder judiciário, daí a enorme autoridade moral, confundível até mesmo com a instituição que os associados encarnam.

    Ora, como podem aqueles que têm a missão de julgar emitir um juízo de valor antes desse pronunciamento e da própria defesa? E, por mais que o neguem, emitem — sim! — juízo de valor, que se traduz no adjetivo “suja” que acabou pespegado à tal lista. (Advogado Arnaldo Malheiros Filho, em artigo no Consultor Jurídico)

A diferença básica? Simples.

No noticiário sobre quem tem o nome sujo no SPC, você vê cidadãos falando que deixaram de pagar as contas porque não tinham emprego e depois não conseguiram emprego porque não pagaram as contas e ficaram com o "nome sujo". Você vê homens e mulheres simples assumindo suas dívidas e dizendo que querem pagá-las pra "limpar" o nome.

No noticiário sobre quem tem o nome sujo no TCU, ninguém admitia absolutamente nada. Seus advogados criticam inclusive o uso do termo, classificando-o de prejulgamento. De acordo com eles, apenas o voto popular pode julgar se um político é "sujo" ou não.

Assim, um em cada três nomes-sujos do TCU e da Justiça conseguiram o tão sonhado empreguinho pago com o dinheiro dos nomes-sujos do SPC e do Serasa.

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