quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Carrolatria: epidemia pior do que a Aids

Do Observatório da Imprensa:

    Questão de critérios: a Folha deu mais espaço (e com chamada na primeira página) à morte acidental de uma funcionária pública mineira em férias na Bahia, quando passeava de parasail, um tipo de paraquedas puxado por uma lancha, do que ao atropelamento fatal de uma ciclista na Avenida Paulista, vítima de um motorista de ônibus que tentava ultrapassá-la.

    O Estado ignorou o infortúnio da turista. Em contrapartida, deu uma aula de jornalismo à Folha, ao cobrir exemplarmente, na primeira página inteira do caderno Metrópole, mais esse caso de barbárie urbana em São Paulo.

    Essa é a cidade onde “todos os dias”, informa o competente repórter Rodrigo Brancatelli, “o trânsito mata em média 4,3 pessoas e fere com alguma gravidade pelo menos outras 72 – uma ‘epidemia’ que faz mais vítimas fatais que aids, insuficiência cardíaca e tuberculose.

    A carnificina paulistana – cujas baixas a Secretaria Municipal de Transportes se recusa a revelar – tem de ser pauta permanente da mídia. É infinitamente mais importante, por exemplo, do que as caneladas entre os políticos em disputa da presidência do Senado, de que a imprensa se ocupa com zelo e regularidade.

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