segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Arte na favela

No começo de julho, eu e o repórter Reed Johnson, que cobre cultura latino-americana para o Los Angeles Times, visitamos favelas no Rio e em São Paulo. Durante décadas, as favelas foram assunto de filmes feitos por gente do "asfalto". Com tecnologias mais baratas e a evolução de vários grupos culturais com atuação nas favelas, agora começam a sair os primeiros filmes feitos por eles próprios.

Em São Paulo, fomos a Heliópolis visitar o grupo do projeto Cine Favela. No Rio, conversamos com o cineasta Cacá Diegues e visitamos os projetos Nós do Morro e Morrinho.

Duas conversas me impressionaram bastante. Uma foi com a diretora e atriz Luciana Bezerra, que abre a matéria. Ela é pouco mais velha que eu, não chegou a fazer faculdade, mas fala sobre cinema com mais autoridade do que qualquer fã de teóricos franceses.

A outra foi com os meninos do Morrinho. Meninos, modo de dizer: hoje, são uns barbados de quase 25 anos de idade. Quando adolescentes, eles fizeram uma mini-favela com pedaços de tijolo. Hoje, filmam pequenos sketches lá, transmitidos pelo canal Nickelodeon. Quando estávamos esperando o táxi, um deles apontou para uma caçamba de lixo e disse: "quando a gente era moleque, era normal ver corpos sem cabeça atirados ali. Por isso é que a gente ia brincar com o nosso morrinho, porque ali era seguro".

Se você lê bem em inglês, boa leitura.

From the streets of Brazil
Galeria de fotos (e conheça a fotógrafa Wânia Corredo neste perfil)

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