O Led Zeppelin vai fazer um show de reunião, em novembro, em Londres. A procura pelos ingressos foi imensa. O guitarrista Jimmy Page já falou até em gravar mais músicas novas. Os Sex Pistols, o The Police e até os Backstreet Boys também falaram em voltar. O U2 e o Michael Jackson estão relançando velhos discos dos anos 80 ("Joshua Tree" e "Thriller"). Será que o relógio está andando para trás?
Isso possivelmente tem a ver com o fenômeno identificado por Chris Anderson, um dos editores da revista Wired, no livro "The Long Tail" - no Brasil, "A Cauda Longa". Se você for comprar, lembre que - como de costume - a edição importada é mais barata que a brasileira. A diferença chega a R$ 12, o que dá um expresso com fatia de torta e ainda sobra um trocado.
Segundo Anderson, a indústria da informação e do entretenimento cada vez mais muda seu foco, dos "sucessos" para os "nichos". Assim, cada vez mais, os filmes e músicas e seriados (e notícias!) de cada um passam a ser completamente diferentes dos mesmos itens de seus colegas e vizinhos.
Nos anos 80, a mais nova piada dos Trapalhões era sempre um dos principais assuntos da hora do recreio na segunda-feira. Não sei se há algo equivalente hoje, com tantos canais de TV a cabo e DVDs e games disponíveis para a molecada.
No caso da indústria da música, mote deste texto, é conhecido o argumento de que ela estaria "morrendo" devido ao aumento nas trocas de música digital, em MP3 e queda nas vendas de CD. Em seu blog, Anderson traz outros números, pelos quais o único aspecto moribundo da indústria da música é a venda de discos de plástico:
- * Shows e material promocional: SUBINDO (+4%)
* Venda de músicas digitais: SUBINDO (+46%)
* Toques para celular: SUBINDO (+86% no ano passado, mas provavelmente só um dígito percentual neste ano)
* Direitos para comerciais, programas de TV, filmes e videogames: SUBINDO (a Warner Music viu o licenciamento crescer em cerca de US$ 20 milhões no ano passado)
* Até a venda de compactos em vinil (pense nos DJs): SUBINDO (mais do que dobrou no Reino Unido)
* Se você incluir o iPod na indústria da música, eu diria que uma análise razoável seria: SUBINDO, SUBINDO, SUBINDO! (+31% neste ano)
Só os CDs estão caindo (-18%). Eles representam uns 60% da indústria, se tirar os tocadores de MP3, mas só uns 25% se você os incluí-los.
Meu exemplo favorito para tudo é sempre o Deep Purple. Como muita gente sabe, os tiozinhos passaram dos 60 e ainda viajam pelo mundo todo. Muito mais do que quando tinham vinte e poucos anos, diga-se: vão a muito mais países e fazem muito mais shows. De vez em quando, sai um disco novo com coisas que eles andam criando.
Sendo que eles poderiam se aposentar, vivendo dos direitos da venda de seus velhos discos e dos lançamentos de DVDs e novas versões de seus velhos discos. O Led Zeppelin até agora fazia isso, por exemplo - quando voltou nos anos 90 foi como Page & Plant. Os Sex Pistols até tentaram voltar antes, estão tentando de novo.
É nos shows que está a grana forte. Enquanto o músico ganha apenas míseros centavos do que a gente paga por um CD, num show ele ganha um belo naco do ingresso. E os shows estão aumentando.
As gravadoras, que não são bobas, dão um jeito de reempacotar de maneira atraente o que você já comprou antes. Desde 1995, o Deep Purple foi uma das primeiras bandas que consistentemente lançou versões melhoradas, com faixas extras e o escambau, dos discos que todo mundo tem. A ponto de chegar ao absurdo de eu ter comprado Burn em vinil (aos 14 anos), em CD (aos 20 e poucos) e em remaster com faixas extras (aos 27). Stormbringer, cujo remaster chega em breve, vai pelo mesmo caminho. Só agora U2 e Michael Jackson entraram nessa.
Olhe na TV quantos comerciais têm usado músicas conhecidas, também. Isso são direitos autorais pagos aos músicos. Veja o comercial de carro com a música tocada pelos meus amigos.
É interessante observar essas coisas, não?
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