Se você é jornalista e trabalha em redações, deve estar de certa forma acostumado a receber pilhas de emails (e, se for um pouco menos verde, faxes) de assessorias de imprensa oferecendo informações de que você não precisa sobre assuntos que não interessam nem a você e nem ao seu trabalho.
Chris Anderson, editor da Wired e autor do blog The Long Tail, não foge à regra. Só que ele fez alguma coisa a respeito: publicou pra todo mundo ver a lista completa dos endereços de e-mail de assessores de imprensa sem-noção.
"Só quero receber dois tipos de e-mail", diz ele. "De gente que eu conheço e de gente que dedicou algum tempo pra descobrir em que eu estou interessado e escreveu uma alguma coisa em nome disso (eu adoro esses emails, e é por isso que meu e-mail é público)."
Pilhas, mas PILHAS mesmo de assessores, incluídos ou não na lista de Anderson, escreveram comentários ao blog pra reclamar. Chamaram a estratégia de "infantil" ou reclamaram que agora seus emails estariam disponíveis para empresas que mandam spam de alongamento de pinto ou remédios milagrosos pra emagrecer.
Eu, pessoalmente, gosto bastante dessas soluções pouco ortodoxas frente à falta de noção. Noção é fundamental, nem que ela venha a golpes de mico.
Mas o Chris Anderson tem apenas a medalha de prata. A medalha de ouro ainda é de Gene Weingarten, do Washington Post.
Há sete anos, ele recebia tanto fax de assessorias de imprensa, querendo emplacar numa coluna de um cronista notinhas sobre produtos tão completamente desfocados, que ele fez uma experiência. Ligou para alguns selecionados e ofereceu-lhes a publicação de algumas palavras sobre o produto desejado se o assessor lhe contasse o maior mico de sua vida. O mico seria impresso junto. Quanto maior o mico, maior o elogio ao produto.
Nas palavras de Weingarten:
- "Ao todo, eu telefonei para 15 assessores de imprensa, dos quais nove saltaram para ter a chance de serem humilhados por impresso em troca de algumas míseras linhas de tinta positiva para seus clientes. Escolhi apenas as mais embaraçosas. Um publicista de Atlanta me contou uma história elaborada sobre uma época em que ele trabalhou como didjêi da estação de rádio de sua faculdade e chegou um dia tão bêbado que vomitou no ar. Quando eu lhe perguntei o nome da escola, ele começou a pigarrear e finalmente admitiu que havia inventado a história. Percebam: ele estava pronto pra se humilhar por uma coisa que ele sequer havia feito."
Se o que Chris Anderson fez foi coisa de criança, coisa de gente grande é o que o Weingarten fez. Todo castigo pra essa gente é pouco.
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