quinta-feira, 8 de novembro de 2007

O mensalinho e o semanário

O mais novo escândalo de corrupção política - o "mensalão" pago pelo ex-governador de Mato Grosso Zeca do PT a diversos políticos - envolveu pelo menos um jornalista atuante no estado. Eduardo Ribeiro de Carvalho, um ex-policial que trabalha no semanário Última Hora, teria recebido R$ 5 mil mensais do governo do estado, durante oito anos. Ele próprio admite, mas reclama: a lista de pagamentos do governo informa que ele receberia R$ 7 mil mensais. "Quero meu dinheiro de volta", disse ele.

O diretor do jornal afirma que o dinheiro não ia para o jornal, apenas para o funcionário. Diz também que nem por isso o jornal deixou de publicar críticas ao governador. Segundo Carvalho, porém, ele recebia um pagamento para poupar o governo e uma quantia maior quando criticava, o que o fez comparar a administração de Zeca a "prostituta e mulher de malandro".

A única novidade no esquema é a franqueza com que Carvalho admitiu o esquema. Casos semelhantes já foram apontados em outras partes do Brasil:

* Em 2003, a Folha de S.Paulo revelou um esquema de compra de reportagens pelo governo do Paraná;

* Em 2005, a Polícia Federal captou diálogo entre um publicitário e um diretor da cervejaria Schincariol, mencionando a compra de uma reportagem de capa da revista Istoé Dinheiro;

* No Amapá, em janeiro de 2006, os dois principais jornais locais acusaram-se mutuamente de receberem pagamentos por serviços políticos prestados aos governadores Waldez Góes e João Capiberibe;

* Em setembro de 2006, a revista Istoé foi acusada de participar da negociação de um dossiê comprado de um grupo que vendia ambulâncias superfaturadas, visando levantar informações que prejudicassem políticos de oposição na campanha eleitoral;

* Em Rondônia, os jornalistas adoram se acusar de todo tipo de questões. Muitas vezes é possível ver na leitura do material as conexões políticas. Toda semana há um caso diferente. Muitas vezes, a coisa descamba para a baixaria.

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