Uma história triste

No começo de 2006, o músico semiprofissional americano Raymond Merrill veio ao Brasil pela terceira vez visitar uma mulher que conheceu pela internet. No primeiro de abril, nada teve de mentira o assassinato do turista apaixonado. Foi estrangulado com um fio de cobre e seu corpo foi jogado num terreno baldio, onde foi incendiado.

O assunto foi pauta de uma das melhores matérias de cuja apuração participei, para o Los Angeles Times. Ela está copiada neste site. Pesquisamos tanto sobre a vida de Merrill - com entrevistas em três países - que quando fomos a São José dos Campos conversar com a polícia sobre as investigações era como se já conhecêssemos o morto.

A mulher que motivou a vinda de Merrill foi presa depois que tentou assaltar um doleiro - para pagar um homem que contratara para, segundo ele próprio, fazer o corpo sumir. Não só não sumiu como foi encontrado no dia seguinte e enterrado como indigente, o que facilitou o trabalho de investigação. Feitas as perícias, o corpo foi enviado para os Estados Unidos, onde foi enterrado em abril deste ano.

Um terceiro homem, que seria amante da mulher presa, chegou a ser encontrado pela polícia no dia da eleição no ano passado. Como ninguém pode ser preso em dia de eleição - é a lei -, ele está foragido há mais de um ano.

Hoje à noite, o caso do assassinato de Raymond Merrill será apresentado no programa Linha Direta. A idéia é estimular quem quer que tenha visto o foragido Nelson Siqueira Neves a ajudar a polícia a encontrá-lo.

O perfil de Nelson no Orkut continua no ar. Ele aparentemente não se preocupou, em todos seus meses como foragido, em apagar seus rastros. No álbum de fotos, estão algumas que o mostram festejando nos dias seguintes ao assassinato de Raymond. A foto mais antiga foi fundamental para que a polícia chegasse ao cara contratado - os dois aparecem bebendo na foto, o que levou o doleiro assaltado a identificá-lo.

Se você lê em inglês, leia nossa matéria. Se você estiver em casa à noite, assista ao Linha Direta. Se tiver visto o foragido, já sabe o que fazer.