quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Censura, por outros meios

A Secretaria de Defesa Social do Estado de Pernambuco baixou uma ordem, dia 18, proibindo que o centro integrado de dados da Polícia Civil de fornecer informações à imprensa, segundo nota de repúdio do sindicato dos jornalistas local. O centro totaliza as informações sobre homicídios ocorridos no estado.

Isso atrapalha o trabalho do PE Bodycount, uma das mais interessantes iniciativas jornalísticas independentes atualmente em curso no Brasil, vencedora do prêmio Vladimir Herzog. De certa forma, também é uma reação a ele. No final de semana, o blog informou que teria havido 45 mortes no estado, enquanto a secretaria só admitia 26. Mais adiante, a secretaria precisou voltar atrás.

EDITADO: Na verdade, não atrapalha muito o trabalho deles - só dos repórteres que contam exclusivamente com a fonte oficial. Mas ainda assim é um problema. Todo dia, a equipe do PE Bodycount faz cerca de 50 telefonemas para delegacias, hospitais e rádios para colher dados sobre assassinatos ocorridos no estado. Muitas vezes esses dados contradizem os da secretaria de segurança. Coloco em breve no blog uma entrevista com os responsáveis pelo site.

2 comentários:

Anônimo disse...

Aqui na Bahia sempre se omitiu, a Secretaria de Segurança Pública atendia aos interesses dos caciques carlistas. Não sei se mudou com o PT (lembrei do comandante, que no Tropa de Elite, mandava levar os mortos e desovar em outros distritos). As estatísticas, mesmo quando divulgadas, não são confiáveis. Nos últimos dias matarão dois jovens aqui em Salvador, gerando protestos de familiares e amigos -,mas os meninos, apesar de inocentes, são negros e pobres. Um certo programa de tv, tipo imprensa marrom, fez o maior alarde; não li o que deu nos jornais escritos, mas por muito que se veicule informando à população, pouco tem adiantado. Certo é que daqui há alguns dias, apenas as famílias vão continuar chorando. Espero não precise que cada família brasileira seja vítima da dupla polícia/bandido para que o conjunto da população reaja contra a banalização e contra a institucionalização da violência.
Luiz Edmundo

Marcelo disse...

No Brasil inteiro isso acontece. Mas parar de divulgar depois que a prática está estabelecida merece ainda mais protesto - porque, ao invés de falta de avanço, trata-se de um retrocesso.