segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Jeitinho paraguaio

O jornal ABC Color, do Paraguai, publicou reportagem dando conta de que 3 mil estudantes brasileiros estão no país para fazer pós-graduação. Não se trata de uma demanda necessariamente pela qualidade da pesquisa paraguaia. O que ocorre é que instituições de lá oferecem cursos com aulas presenciais apenas nas férias, a preços muito menores que os das universidades brasileiras.

A possibilidade de obter um título de pós-graduação nas férias e conhecer um país vizinho deixa estudantes brasileiros ao mesmo tempo empolgados e apreensivos. No Orkut e outros fóruns eletrônicos, vários estudantes perguntam se tais títulos têm validade no país. Geralmente, trata-se de profissionais que trabalham muito, geralmente como professores, e precisam obter título de pós-graduação para melhorar sua situação profissional.

Um instituto de Fortaleza pôs na internet os dados de seus cursos. As aulas seriam distribuídas em dois períodos do ano: 6 a 21 de janeiro e 4 a 19 de junho. A aprovação é condicionada apenas ao pagamento da inscrição. Os cursos custam, ao todo, entre R$ 11.310 (mestrado em ciências da educação, com duração de 4 semestres, em 29 cotas de R$ 390) a R$ 17.980 (doutorado em administração de empresas, com duração de 3 semestres, em 29 cotas de R$ 620).

Para fazer pós-graduação no Brasil, é preciso passar por um processo de seleção. Em uma instituição tradicional brasileira, como o Instituto Presbiteriano Mackenzie, o mestrado em Administração de Empresas exige que os candidatos respondam a testes de proficiência em inglês e redijam um ensaio sobre o assunto que pretendem pesquisar. Depois disso, os selecionados são convocados para uma entrevista. A procura é de sete candidatos por vaga. A mensalidade, ao longo de dois anos, com duas aulas semanais, é de R$ 1.170 por mês.

O que parece fácil pode não ser tão fácil assim. Embora haja acordos internacionais sobre a aceitação multilateral de títulos obtidos nos países do Mercosul, a validação não é automática. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (CAPES) é o órgão responsável, no Ministério da Educação brasileiro, pela avaliação dos títulos.

Em 2005, quando os mestrados no Paraguai estiveram no noticiário e causaram polêmica com o país vizinho, a Capes divulgou nota informando que os cursos feitos lá valem caso o estudante pretenda continuar seus estudos no Brasil. Não servem, porém, para fins profissionais:

    Os acordos de cooperação eventualmente assinados pelo Brasil, reconhecendo os títulos obtidos em alguns países do exterior, são exclusivamente para fins de prosseguimento de estudos no Brasil. Isso significa que o portador de um título de mestre obtido em país que tenha firmado acordo oficial com o Brasil tem assegurado reconhecimento automático somente para ingressar num curso brasileiro que requeira o título de mestre, mas não o credencia a lecionar ou a exercer qualquer profissão com o título de mestre.

Nas comunidades do Orkut, brasileiros que estudam no Paraguai dizem ter fé religiosa em que conseguirão ter seu título reconhecido. Outros lembram de conhecidos que não conseguiram. Na confluência do jeitinho brasileiro com o jeitinho paraguaio, quem paga a conta é a fé.

9 comentários:

Anônimo disse...

Este caso é, sem dúvida, um negociado mais que empresários brasileiros, conjuntamente com algumas universidades paraguaias, levam adiante para "encher" os bolsos. Transforma-se assim a educação em "educação-mercadoria". O pior é que quem paga a conta é o usuário do serviço. E claro...a conveniente mala imagem do país vizinho! Conveniente para os deliquentes que moram no Brasil e dirigem e realizam o contrabando ou atividades duvidas como esta da pós-graduação. Paraguai leva a fama, mas os brasileiros, o maior benefício...com certeza com alguns deliquentes do Paraguai também.

JANETE DO ROCIO disse...

Faço aqui um esclarecimento: estou fazendo mestrado em Educação no Paraguai e asseguro que as aulas não são, nem um pouco diferentes das do Brasil, também o caso dos cursos ser apenas nas férias ,não concordo, pois já estudo há 1 ano lá, as aulas são quinzenalmente e cada aula que vc não comparece perde nota.Não desejaria ir fazer um curso no exterior,porém as barreiras aqui são muitas, se será reconhecido não sei só sei que o conhecimento que estou adquirindo está sendo muito válido na minha prática pedagógica.

Marcelo disse...

Compartilho da opinião de que o que vale é o conhecimento que se obtém, em qualquer coisa.

nilson disse...

Creio que criticas como esta,sem a devida qualificaçao metodologica para apurar o que realmente está acontecendo lá no paraguay é no minimo tendenciosa e reflete o pensamento corporativista educacional brasileiro que nao sabe inovar e continua na mesmece de sempre sem contudo enxergar que estamos vivendo novos tempos, novas realidades.Esta é uma visao miope e unilateral de ver as coisas.Quais sao as vantagens de cursar mestrado no PY? Sao muitas:
Comessando pelos professores que sao na maioria brasileiros oriundos das Univ. federais com elevada formacao profissional. Basta olhar na plataforma lates a produçao de cada um deles. Os outros na maioria Cubanos, espanhois e Paraguayos têm curriculos invejáveis e expressivas produçoes academicas. A melhor de todas as vantagens: a abrangencia geografica de atuaçao profissional. Aceito a critica que estao fazendo se o interesse dos profissionais for apenas o Brasil. Se a CAPES dentora do saber, com seus "MAIS CONCEITUADOS PROFISSIONAIS" nao quizerem validar um diploma só porque veio do Paraguaio, estao desclassificando nossos melhores profissionais que trabalham lá e consequentemente desprezando boas relaçoes internacionais e rechaçando seus proprios patricios que lutam em busca de melhorar seus padroes profissionais.Interessante! Esse diploma, com excessao do Brasil, vale em toda america latina. Querem criticar? critiquem! mas usem o instrumento certo de medir com precisao os pros e os contras. depois vao a luta. enquanto isto, eu, com o meu diploma paraguaio, estou indo para o Uruguio trabalhar em uma importante Universidade, que por sinal me pagarao muito bem e me darao o valor que eu mereço pelo meu esforço dedicaçao e competencia. Se voce que está lendo,JEITINHO PARAGUAIO,e outras matrias tendenciosas, saibam que estao cortando suas asas e impedindo voce de voar longe e de pensar auto. PARAGUAIO, ARGENTINA, ESPANHA, CHILE E TODA A AMERICA LATINA, FORA O BRASIL, TÊM PROGRAMA DE MESTRADO E DOUTORADO QUE AJUSTAM PERFEITAMENTE ÁS NOSSAS NECESSIDADES PROFISSIONAIS. Eles estao de braços abertos para nos receber. Eles acreditam em em nos e nos querem como estudadantes e como profissionais

Marcelo disse...

Comessando? Quizerem? Excessões? Pensar auto? São detalhes, mas corroboram a má impressão. Que não é com cê-cedilha, ok? Parabéns pelo novo emprego e boa sorte.

Anônimo disse...

Digo , que esses doutores brasileiros,estão tão preocupados com a educação , porque não verificam o ensino primário no Brasil que é uma M....
Em vez de se preocupar com pessoas que lutam por seus ideais..
Será que é porque podem tirar seus empregos ?

Marcelo disse...

Concordo plenamente que o ensino primário está em péssimo estado. No meu tempo, por exemplo, costumava-se ensinar que sujeito e predicado não são separados pela vírgula.

Anônimo disse...

O MEC do Brasil não consegue nem dar conta de oferecer bons cursos de graduação, abrindo cursos novos a torto e a direita, sem pelo menos verificar se há necessidade naquela regão ou cidade daquele tipo de curso, quanto mais avaliar um curso feito fora do Brasil...

Flavio disse...

Apos leitura do tópico e respostas permanece minha dúvida a respeito do mestrado, vale a pena, posso fazer e ter meu diplona validade.
Abraços a todos, discussões como essas esclarecem e as vezes nebulam nosso pensamento. Calvete.