Ah, bom

Na sexta-feira, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, procurou tranqüilizar os brasileiros de que as Farc não entraram no Brasil:

"Não tem possibilidade. Temos hoje cerca de 20 mil homens do Exército espalhados nos postos de fronteira do Brasil. Está tudo coberto"

Observei que não dá pra saber se 20 mil homens é muito ou pouco, especialmente numa fronteira tão grande. Contei quase 10 mil km só na fronteira com três países na região da Amazônia. Se os 20 mil homens são em toda a extensão da fronteira brasileira, das Guianas ao Uruguai, dá bem menos de um homem por quilômetro. Parece pouco - pouco demais pra embasar o "não tem possibilidade".

Hoje, o ministro da Justiça, Tarso Genro, confirma que está em estudos a ampliação da presença da Polícia Federal na fronteira com a Colômbia. Isso ocorreria para tentar fechar uma das principais rotas de escoamento de drogas das Farc para território brasileiro.

Ou seja: não há possibilidade de as Farc entrarem, mas a possibilidade de as drogas deles entrarem é concreta. Como fazem, então? Combinam com traficantes brasileiros na fronteira e passam pra eles, pro narcoguerrilheiro colombiano não ter que entrar e, com isso, derrubar a garantia do Jobim?

Fica ainda mais forte a impressão de que o ministro tentou garantir o que não se garante só porque uma autoridade declarou. Não seria a primeira vez em sua carreira, como bem lembraria quem acompanha a questão da segurança do voto eletrônico.

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