Se você vive no Brasil e não é advogado de jornais que cobrem bem o assunto, certamente conhece o golpe do falso seqüestro. Pois orgulhe-se: o Brasil está exportando a tecnologia. Segundo o New York Times, o golpe do falso seqüestro (e o do falso prêmio) virou um sucesso no México. Deputados já caíram nele.
Funciona assim: criminosos muitas vezes dentro da cadeia, usando celulares, chutam um número de telefone que pode ser o seu. Ligam. Fazem de conta que têm alguém de sua família em seu poder e ameaçam matar se você não der uma grana a eles. Se colar, colou. Se você desconfiar e fizer perguntas básicas (como fez o ministro do STF Carlos Ayres Britto, perguntando qual era o nome de sua filha supostamente seqüestrada), eles desligam e partem à procura de outro. Há gente que cai. Há gente que morre. Há gente que enrola os bandidos.
Um conhecido de Porto Alegre caiu na versão "do bem" desse golpe. Os bandidos faziam sua melhor voz de locutor e diziam que ele tinha ganho um prêmio. Para ganhar o prêmio, precisava comprar créditos de celular e ditar os códigos ao telefone. Isso foi antes de o golpe do falso seqüestro fazer sucesso.
Hoje, já circulam boas informações sobre esse golpe. Mas, se continuam fazendo, é porque continua funcionando. Como funciona, exporta-se a tecnologia.
Na dúvida, se você receber um telefonema com o golpe do falso seqüestro ou do falso prêmio, duvide. Faça como o ministro Ayres Brito, perguntando o nome do ente querido seqüestrado. Se você preferir uma palavra mais oficial, desligue e chame a polícia. Eles saberão orientar. A secretária de um amigo, há alguns anos, estava em estado de choque com ameaças de invasão do prédio e farta distribuição de chumbo até fazer isso. Ficou mais calma.
- (Apesar da brincadeira do primeiro parágrafo, cabe registrar aqui todo o respeito que este blog tem pelo dr. Manoel Alceu, que é um dos homens no Brasil que melhor conhece a lei de imprensa e que quase me causou cãibras nos dedos ao fazer anotações das preciosas informações de uma palestra sua sobre o assunto no ano passado.)
3 comentários:
Talvez, os jornalões não cobrem esse evento porque não há estatística da PM, porque, quando liguamos lá após o trote, orientaram-nos a relevar o caso.
Mas, os telefonemas aqui em casa continuam, e, acredite, a cobrar!
Eu já li várias matérias a respeito. Algumas delas muito boas. Coloquei um link ali, você não viu?
(Mas falso seqüestro a cobrar é genial!)
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