terça-feira, 1 de abril de 2008

Sobremesa

Gosto de ler sobre música, até por não ter talento musical nenhum (participação especial cantando Deep Purple em bar de rock conta como talento?). É meu jeito de tentar captar como meus músicos favoritos fazem a mágica que fazem.

Hoje, ao invês de tomar um café e comer um brigadeiro na sobremesa, passei na livraria e trouxe o livro "A Love Supreme - a criação do álbum clássico de John Coltrane", escrito por Ashley Kahn. Coloquei o CD A Love Supreme, um dos meus favoritos no jazz, e me reclinei no sofá pra ler. Até o disco terminar, foram-se os dois primeiros capítulos numa lufada só.

Eu já conhecia relativamente bem o trabalho do escritor há quatro anos, desde que li o livro semelhante que ele escreveu sobre a gravação de Kind of Blue, do Miles Davis. Há dois anos e meio, também, li um pouco do trabalho dele no encarte do disco do Coltrane com o Thelonious Monk no Carnegie Hall.

Minha única reclamação: os livros nacionais ainda são mais caros que os publicados em inglês. No caso do livro do John Coltrane, a versão nacional custa R$ 44 e a importada custa R$ 28. No do livro do Miles Davis, a nacional custa R$ 43 e a importada R$ 37.

Não reclamo de a importada ser mais cara - não tenho nenhum problema em ler em inglês. O problema é que livro brasileiro é caro. É caro porque vende pouco, mas também vende pouco por ser caro. Concorrer com o original não é exatamente um bom negócio.

Como leitor, tradutor (ainda que de quadrinhos) e possível autor de livros, acho que isso é um tiro no pé das editoras.

2 comentários:

Anônimo disse...

Não só é um tiro no pé nas editoras como também gera desinteresse nos brasileiros pela literatura.

Enfim, eu li também o livro sobre o Miles e é maravilhoso. Bom saber sobre esse livro do Coltrane. Forte abraço!

Marcelo disse...

É exatamente por isso que eu acho um tiro no pé. Se está caro demais pra quem tem menos acesso à educação (portanto, à renda) e mais caro que o importado para a parcela que lê em inglês, isso achata muito a quantidade de gente que poderia se interessar. Para sorte deles, aparentemente, muita gente que fala inglês não tem o hábito de ler nada na língua...