segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Cokrigagem

Professor Túlio Kahn, seja bem-vindo. Volte sempre, o blog está aberto. Caso queira comentar, agradeço: elevará o nível por aqui.

A respeito da questão dos dados de crimes em São Paulo, que sua secretaria julga por bem não divulgar para evitar interpretações erradas e injustas, que rebaixem a auto-estima do paulistano e abalem o valor dos imóveis, gostaria de solicitar sua opinião a respeito de uma experiência de outras paragens.

Em Londres, há um debate interessante sobre o mapeamento de crimes. O novo prefeito, Boris Johnson, prometeu um mapa, mas ainda não cumpriu por várias questões burocráticas - incluindo a falta de vontade da SSP de lá em fornecer os dados.

A inspiradora jornalista Heather Brooke escreveu um artigo interessante para o The Times a respeito da importância dessas informações, até para reduzir o medo nas ruas. Na falta de um mapa oficial, tem gente fazendo mapas a partir do noticiário, como este de assassinatos de adolescentes:


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O noticiário é uma fonte interessante: é de domínio público e pode ser organizado usando as tecnologias disponíveis, mas ainda assim é parcial no sentido de que nem todos os crimes são noticiados. Como o sr. sabe bem, um assassinato no Capão Redondo não tem o mesmo destaque de um seqüestro-relâmpago nos Jardins. Os dados oficiais podem ajudar a reduzir o medo.

(Ora, que obviedade eu estou dizendo. É claro que o senhor sabe: em 2001, um estudo seu constatou que os homicídios representam 4 em cada 10 notícias sobre violência, mas não chegam a 2% dos crimes.)

Outra experiência interessante, feita por jornalistas, é o antigo Chicagocrime.org, que hoje foi expandido no Everyblock. Vale a pena ler o testemunho do Adrian Holovaty a respeito da experiência que ele começou:

    Muita coisa boa resultou do chicagocrime.org. Em nível local, incontáveis moradores de Chicago entraram em contato para expressar seu agradecimento pelo serviço de utilidade pública. Grupos comunitários imprimiram partes do site e levaram a reuniões com a polícia, e cidadãos empolgados levaram os relatórios do site a seus vereadores para apontar alguns cruzamentos problemáticos onde a cidade poderia considerar a instalação de postes com luz mais forte.

Em São Paulo, professor, não temos nada disso porque simplesmente não há dados. O sr. prestaria um valiosíssimo serviço público, maior até que os resultados de sua pesquisa, caso aproveitasse sua estadia no departamento para aumentar a transparência desses dados. Com a grande disponibilidade de acesso à internet, incluindo em telecentros de áreas mais carentes, e com o potencial mobilizador da tecnologia, grandes possibilidades podem se abrir.

Aguardo sua opinião a respeito. O sr. já conhece o caminho.

Um comentário:

Anônimo disse...

Há o wikicrime... (www.wikicrimes.org)