...de dar entrevistas sobre jornalismo a estudantes e sites especializados nacionais. Não vale a pena. Não que eu não soubesse, até porque sou um leitor atento desse tipo de notícia. Mas sempre deixo a gentileza imperar e acabo dando trela.
Anteontem, recebi um telefonema de uma moça de um site especializado, perguntando o que eu achava de uma pesquisa que a Fenaj fez sobre o que os brasileiros acham da obrigatoriedade do diploma. Respondi, da maneira mais sincera que podia.
Minutos depois, quando saiu a matéria no ar, a descrição do meu currículo estava atrasada em seis anos. A moça não me perguntou o que eu fazia hoje da vida, durante a entrevista - mas na hora não me preocupei, porque pelo menos até recentemente ela namorava um amigo meu, então devia saber mais ou menos. Liguei pra corrigir. Resposta: "ué, copiei do seu site". Um site que eu não atualizo há seis anos, que ainda fala da história que eu traduzi para Homem-Aranha 5 (hoje, está nas bancas a edição 81). Mais importante, diz que eu escrevo para lugares para os quais não escrevo mais há anos. Como perdi a senha, nunca tirei a página do ar.
Não sei se ela corrigiu, mas a praga do controlcê-controlvê é onipresente nos sites especializados - então, vários reproduziram o texto com o erro.
Há alguns meses, uma estudante me ligou para pedir ajuda para seu trabalho de conclusão de curso e passei mais de meia hora contando sobre os padrões das agressões contra jornalistas no Brasil. Outro dia ela me mandou o trabalho de conclusão de curso que fez e pediu para eu mandar minha opinião a respeito. Fiquei constrangido demais para fazê-lo com sinceridade, depois de ler o trabalho.
Resultado: em respeito às namoradas de amigos e estudantes bem-intencionados, mas especialmente em respeito à sanidade do meu fígado, desisto de dar entrevistas sobre jornalismo.
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
Eu desisto...
Postado por Marcelo às 10:04
Marcadores: analfabetismo funcional institucional, churnalismo, jornalismo
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