terça-feira, 14 de outubro de 2008

Meu nome é patrono

Duque de Caxias é o patrono do Exército. Foi ele quem comandou as forças brasileiras durante a Guerra do Paraguai.

O marechal Cândido Rondon é o patrono das Comunicações do Exército. Ele implantou 8 mil km de linhas telegráficas no território nacional e na faixa de fronteira.

Santos Dumont é o patrono da aviação. Foi ele quem inventou o avião.

Agora, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados aprovou a nomeação de Enéas Carneiro como patrono da Eletrocardiografia no Brasil. Falta o Senado aprovar.

O falecido deputado ficou famoso por aparecer na televisão gritando em ritmo de narração de futebol discursos de 15 segundos sobre a soberania nacional, a bomba atômica e a bauxita refratária, arrematando tudo com o bordão "Meu nome é Enéas". Concorreu a presidente três vezes, mas em 2002 ele se elegeu deputado federal com um milhão e meio de votos. Por obra das bruxarias matemáticas da lei eleitoral, levou de carona para Brasília cinco políticos malvotados - entre eles, três sanguessugas.

Ah, sim. O motivo de virar patrono.

Em 1977, ele escreveu o livro "O eletrocardiograma". Em 1987, dois anos antes de se tornar conhecido dos brasileiros na primeira campanha presidencial pós-ditadura, lançou uma obra com o criativo título "O eletrocardiograma: 10 anos depois". O livro era referência nas faculdades de medicina. (Grato, Jackeline.) Mas até aí, nem por isso José Paschoal Rossetti é o patrono da economia no Brasil, até onde eu lembre.

Não, a Câmara não tem nada melhor pra fazer. Que mania, essa de vocês!

3 comentários:

Altavolt disse...

Caro Marcelo, essa é apenas mais uma "grotesquice" dos nossos seletos políticos, que mostra o quanto os "sem-noção" estão imperando no Brasil. Se puder, dê uma olhadinha no meu blog, pois o tema desta semana é justamente esse. Ficarei muito feliz com a nobre visita. Abraço! Altamir.

Anônimo disse...

Marcelo,

moro no Rio e namoro um médico. De fato, tanto a obra de Enéas é referência na área como o próprio também o era. Ele dava aulas concorrídissimas da cadeira em um curso particular aqui no Rio. Não sei se o curso ainda existe, mas todos os alunos de medicina consideravam fundamental estudar no tal curso para desvendar os mistérios do eletrocardiograma.
Abs,

Helô disse...

e o dr. euclides zerbini, nem pensar?