Conta O Globo que os fãs adolescentes da banda RBD estão acampados há mais de três meses esperando seus ídolos tocarem no Rio e em São Paulo. Eles justificam com uma faixa: "Amor de fã não tem preço e não se explica, se admira: 72 dias por um sonho". É prato cheio pra qualquer assaltante ou estuprador que preze seu ofício, numa cidade como estas.
Eu, que não suporto fila nem pra entrar no ônibus, não consigo entender por que é que essa molecada faz dessas. Pra mim, isso é falta de pegar em cabo de enxada.
E o pior é que geralmente os pais são recrutados para participar do mico. E TOPAM! Em agosto, eu já havia escrito sobre outra histeria do gênero, com a constrangida participação dos pais. Não consigo entender como é que eles topam. Pra mim, isso é medo de contrariar a criança. O que não é nada educativo. Nem seguro, diga-se.
OK, você pode argumentar que eu tenho mais que o dobro da idade da média dos fãs do RBD. Também tive na adolescência minhas preferências musicais, tão arraigadas que seguem até hoje. Mas não me vejo esperando mais do que uma hora na fila para ver o Deep Purple tocar, e olha que não dá pra comparar uma banda de músicos de verdade com os personagens de um programinha de tevê.
No meu tempo eu tinha mais o que fazer da vida. Com 14 anos eu trabalhava, por exemplo, como digitador. Aprendi pra caramba e me orgulho disso. Mas a histeria politicamente correta de hoje em dia tornou feio botar crianças pra trabalhar. Também tornou-se feio deixar de fazer as vontades das crianças. Ao mesmo tempo, também criou-se uma hipercomercialização da vida privada, especialmente entre os adolescentes. Junta tudo isso e o resultado é essa situação aí.
Disse e repito: o que falta é cabo de enxada.
terça-feira, 18 de novembro de 2008
Ah, a adolescência...
Postado por Marcelo às 11:09
Marcadores: sociedade do espetáculo
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Um comentário:
Matou a pau, Marcelo! Também trabalho desde os 14 anos e isso só me fez bem como pessoa. Aliás, 14 anos é uma boa idade para já estar no batente. Desde que resguardados todos os direitos do adolescente e que ele seja respeitado como tal. Trabalhando, além de adquirir responsabilidades, o jovem não vai ter tempo para futilidades como RBD, nem para o consumismo exacerbado das mentes desocupadas e fúteis. Não dá nem para comparar Deep Purple com RBD! Nos meus tempos de office-boy ainda tive o privilégio de começar a conhecer melhor o bom e velho rock. Abraço.
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