quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Governo de São Paulo semipropõe pedágio urbano

Um projeto enviado pelo governo de São Paulo à Assembléia Legislativa abre a possibilidade de cobrar pedágio urbano dos carros em algumas das vias mais congestionadas das regiões metropolitanas. A idéia é desestimular o congestionamento e reduzir a emissão de poluentes. Mas o PT foi contra - especialmente lembrando que a competência sobre o trânsito é municipal.

É uma proposta politicamente sensível. Todos os motoristas, afinal, têm idade pra votar - e nenhum quer pagar mais do que já paga para circular pela cidade. Só que vários especialistas em trânsito acham inescapável, porque pra desafogar o trânsito é preciso desincentivar o motorista a tirar seu carro de casa. Eu tendo a concordar com eles. O bolso ainda é a mais eficaz porta da consciência, e a grana proveniente disso pode ser usada para melhorar o transporte público, se quem arrecada tiver neurônios.

Em Londres, no Reino Unido, a Congestion Charge até que funciona bem. Em Malmö, na Suécia, o desincentivo ao uso do carro chega ao ponto de permitir apenas 0,7 carros por apartamento em alguns bairros. É uma delícia caminhar nas duas cidades. Os motoristas respeitam os pedestres. Não é que nem umas certas cidades onde por acaso eu moro.

E você, o que acha da proposta? Diga aí embaixo.

8 comentários:

Gabriel Broedel Tatagiba disse...

Eu acho válido. Só acho chato haver uma guerra de marketing político em cima disso. Na eleição passada, um candidato ficava colocando o pedágio em cima do outro, quando, na prática, acredito que ambos poderiam acabar implantando. Como quem ganhou foi o Kassab, que prometeu que não haveria pedágio urbano na sua administração, imagino que o governador de SP - aliado do prefeito - acabou livrando-o de se desgastar e de não cumprir um compromisso. Mesmo assim, se for implantado é positivo. Mas dá para entender também quem é contra. Elas tem lá seus motivos, é claro.

Marcelo disse...

Concordo plenamente. Ninguém faz porque é batata-quente em termos de marketing.

Anônimo disse...

Concordo em parte. Se for um pedágio progressivo, sim.Quanto mais cilindradas tiver o carro, mais ele pagaria.Basta faer uma tabela por modelos, tipo SUVs pagariam mais que modelos menos potentes.Combinado a isso, uma fiscalização de verdade da emissão de poluentes nas vistorias, com a retirada de circulação dos veículos poluidores até a regulagem dos motores. E óbvio, mais transporte coletivo.investimentos

Anônimo disse...

Eu tenho minhas dúvidas. Todo mundo concorda - e é uma ladainha repetir - que deveria ser priorizado investimentos para o transporte de massa. Mas, como isso não é feito, é necessário buscar outros métodos para desafogar o trânsito. Concordo com você, Marcelo, quando diz que a conscientização vem assim que se atinge o bolso do contribuinte. Porém, será que implantar o pedágio urbano não é priorizar as pessoas mais abastadas? Quem pode pagar, que circule; quem não pode, que se amasse no metrô. Apenas uma reflexão para contribuir com o debate. Nem vou entrar no mérito de que há dinheiro de sobra, só que, infelizmente, não é bem aplicado. Abraço. Excelente blog.

Marcelo disse...

É um argumento que surge sempre, mas eu tenho minhas dúvidas.

Em primeiro lugar porque o pedágio urbano não é uma coisa generalizada, é localizada. Ele incide sobre determinadas partes da cidade.

Em segundo lugar porque é altamente positivo fazer com que os que podem pagar mais subsidiem a melhoria no transporte público. Claro que há quem precisa do carro pra trabalhar. Mas uma empresa poderia bancar o pedágio de quem precisa do carro pra trabalhar - como banca o vale-transporte para os funcionários que pegam ônibus. Pesaria no bolso dos autônomos. Mas tudo pesa no bolso dos autônomos - sei por experiência própria.

Em terceiro porque existem outros métodos de transporte que não o carro e o ônibus. Ônibus da empresa é um. Bicicleta é outro método, bastante interessante. Em Londres, Malmö e Copenhagen, elas são muito usadas. E mesmo um modelo bem sofisticado é absurdamente mais barato e menos poluente do que o mais popular carro de linha.

Aí, além da questão de investimento, também vem a questão da educação. Essa me parece a mais complicada de todas. Especialmente numa cidade onde, como vi hoje à tarde, o marronzinho fica no cruzamento fazendo um trabalho redundante ao do semáforo e, quando um carro avança sobre a faixa de pedestre quando o sinal está fechado pra ele, o guarda de trânsito olha pro outro lado em vez de puxar a caneta.

Outro aspecto é econômico mesmo. Eu fiz uma vez uma conta de quanto eu gastaria se tivesse um carro, considerando prestação, manutenção, impostos, combustível, flanelinha e estacionamento. Pelas minhas contas, com a minha necessidade de transporte do ano retrasado (não digo nem a atual, em que eu trabalho a 10 passos da cama), eu poderia pegar táxi todo dia para ir e voltar do trabalho e lazer que ainda sairia mais barato do que manter um carro.

Anônimo disse...

Eu gosto da ideia do pedagio, mas as pessoas precisam ter opcoes. Eu moro em Londres, e aqui o metro funciona bem (lotado de uma forma imoral no horario de rush, mas enfim...), os onibus tambem, e o governo financia a sua bicicleta se vc quiser comprar uma para ir pro trabalho.
Nesse contexto, quem quiser ir pro trabalho no centro de Londres de carro eh porque eh um espirito de porco e tem mais que pagar 8 pounds por dia mesmo!
(e ainda assim, nosso novo prefeito, o fofo do Boris Johnson, ta indo contra a ampliacao da congestion charge, permitiu que motos andem nas faixas de ciclistas, etc... Ate aqui esse assunto dah briga)

Paulo Henrique disse...

Acho uma bobagem e recorro, sim, ao argumento batido, senso comum, clichê, o escambau, de que transporte público bom é o melhor incentivo. Eu só andava de carro em São Paulo porque, pasmem, era mais rápido do que o ônibus. Metrô? que metrô? No único lugar em que trabalhei que dava para chegar de ônibus e metrô eu os usava, sim. Ah, mas o meu caso não vale como regra, claro. Mas, assim como eu, há muitos dispostos a trocar o carro pelo transporte coletivo, se ele existir. Com o preço da gasolina nas alturas, então...

Altavolt disse...

Ótima proposta! Tem que restringir mesmo e investir no transporte público abrangente e de qualidade, que aliás deve ser para todos e já devia estar implantado há muito tempo. Chega de tanto egoísmo e tanto individualismo em nossas ruas e avenidas. Vamos dar mais espaço e respeito aos pedestres e às bicicletas! Valeu, Marcelo!