Nem mesmo o deputado Edmar Moreira achava que seu curto período como corregedor da Câmara faria tão bem para o Brasil. No Brasil, não adianta usar a lógica pra reivindicar avanços de interesse público: tem que ter um escândalo pra coisa andar. Nesse caso, o que andou foi que todo mundo vai passar a ter acesso, nota por nota, a quanto os deputados gastaram com verba indenizatória.
Há cinco anos, muito a contragosto, a Câmara dos Deputados topou começar a divulgar os gastos totais com verba indenizatória. Nunca topou divulgar nota por nota quanto nossos representantes gastam com esses, hoje, R$ 16.500 mensais. Teve uma ajudinha nisso da parte do ministro do STF Celso de Mello, que voltou atrás numa liminar que ele próprio concedera.
Pois agora, graças ao recém-renunciado corregedor castelão, que gastou um monte de verba indenizatória pra pagar serviços de segurança (sendo que ELE tem uma empresa de segurança), a coisa ficou feia. Com o vexame, primeiro cogitou-se divulgar só as do Edmar, mas ficaria mais feio ainda. Agora, a Mesa Diretora decidiu passar a abrir todos os gastos. Sob a sombra do vexame, Milton Temer teve uma epifania:
- -- A transparência é importante em face do princípio constitucional da publicidade
Perceba: a Constituição foi editada em 1988. Temer foi um dos constituintes. Ele também já havia sido presidente da Câmara entre 1997 e 2000. Só agora, 21 anos após a Constituição e 12 anos após seu primeiro mandato como presidente, ele chegou a essa conclusão no tocante aos gastos com verbas indenizatórias.
Vivemos, pois, um momento histórico graças ao Edmar Moreira e seu castelo. Mal posso esperar a primeira leva de notas fiscais.
Um comentário:
Leva?
Leva para onde? Só se for para baixo dos panos.
Das duas uma.
Ou o Brasileiro não tem vergonha na cara ou não tem culhões.
Muito bom seu blog.
Parabéns!!!
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