sábado, 28 de fevereiro de 2009

Os ouvidos

Pensando no bem-estar dos nossos ouvidos, informa o Estadão que há um projeto pra limitar o volume máximo dos aparelhos portáteis para até 90 decibéis.

Razoável. O meu celular toca música um pouco mais alto do que isso, acho, mas quando vai passar para o volume mais alto do que o humanamente seguro ele sempre dá uma mensagem perguntando se eu tenho certeza da sandice que estou prestes a fazer.

Mas por que raios eu levanto tanto o volume? Levanto principalmente quando estou na rua - e muitas vezes nem chegando aos níveis insanos de volume dá pra ouvir direito. A poluição sonora nas ruas de São Paulo é absurda.

Boa parte das motos tem um ruído infernal. Os ônibus, por serem umas sucatas ambulantes (os empresários não querem renovar a frota e a prefeitura não se importa), parecem um liquidificador: sacodem e trituram o que está por dentro, ferem os ouvidos de quem está fora.

E sempre passa um imbecil com o som do carro a todo volume. E, conforme determinado na lei mais obedecida de São Paulo - a de Murphy -, quem ouve o som do carro no último volume NUNCA ouve Miles Davis. O máximo que ouvi um imbecil desses tocar foi um Led Zeppelin.

Deve haver alguma medida de política pública que ajude a reduzir o ruído urbano. Por exemplo, exames periódicos das partes barulhentas do veículo, sob pena de multa. E, por favor, uma aplicação dos mesmos padrões de revisão da suspensão de carros particulares à revisão da suspensão dos ônibus.

Já ouve estudos (como este aqui) verificando o dano auditivo que o barulho das ruas causa em quem trabalha na rua o dia inteiro - no caso, os marronzinhos. Ou seja: os decibéis dos carros SÃO prejudiciais a todos, em algum grau.

Segundo esta matéria, aumentar o volume do aparelho de som, sem abafar o ruído dos carros, pode ser pior. Faz sentido. Mas o que eu gosto de ver é que na hora de fazer projeto os nossos queridos representantes vão pra cima do fone, nunca pra cima dos carros.

Um comentário:

Altavolt disse...

Os carros são cada vez mais intocáveis, Marcelo. E os idiotas ao volante já são em muito maior número do que a OMS poderia aceitar. O problema não são os aparelhos e máquinas, o problema é o mau uso que os idiotas fazem de todos eles. Seja celular, seja internet, Ipod ou carro. Idiotas sem noção assolam o nosso famigerado mundo moderno. Abraço.