terça-feira, 17 de março de 2009

A vida imita os spams mais toscos

Você certamente já recebeu uma história parecida em seu e-mail. Um livro de geografia, distribuído para alunos da sexta série de um território riquíssimo, traz noções completamente erradas sobre um país pobre latino-americano.

Não, não é a volta daquela corrente ridícula sobre o suposto livro de geografia americano que "tira" a Amazônia do Brasil.

Trata-se de um livro de geografia que realmente existe, é distribuído na rede estadual de São Paulo e, não contente em ter dois paraguais, ainda trocou o verdadeiro de lugar com o Uruguai. Ficou assim a imagem:


A Secretaria de Estado da Educação bota a culpa toda em quem imprimiu o livro e diz que não vai trocar. Menos de 2% dos exemplares teriam defeitos, mas a Folha encontrou livros defeituosos em várias cidades. O governo pôs uma correção na internet, mas só os diretores de escola, com senha, podem acessar.

Os paraguaios já têm o Brasil entalado na garganta por quererem aumentar os preços pagos pelo Brasil pela energia excedente que compra da parte paraguaia de Itaipu. Agora, mais essa.

E sabe o que é pior? Explico.

Quando os brasileiros se revoltavam com a corrente do livro americano, estavam reagindo a uma falsificação grosseira possivelmente feita por milicos de pijama. A indignação nacionalista apontava um cálculo maquiavélico.

Quando os paraguaios se revoltarem com a notícia do livro brasileiro, estarão reagindo apenas a mais uma demonstração do analfabetismo funcional institucional que rege o Brasil. Mas a indignação nacionalista também apontará um cálculo maquiavélico.

Pelo menos o livro ofensivo aos paraguaios de fato existe. Infelizmente. E o pior: existe por burrice.

    ATUALIZANDO: Depois que apareceu, ficou feio. Como sempre no Brasil. Então, o governo mandou recolher 500 mil exemplares do livro, que deverão ser substituídos pela Fundação Vanzolini, que o imprimiu, diz a Folha. Mas será que o erro foi só de quem imprimiu? O conteúdo não é produzido por quem imprimiu.

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