Há pouco leite no país,
é preciso entregá-lo cedo.
Há muita sede no país,
é preciso entregá-lo cedo.
Há no país uma legenda,
que ladrão se mata com tiro.
-- Carlos Drummond de Andrade
Mas e quando o roubo vem já da fábrica?
Esta matéria do G1 dá uma idéia de como funcionava a fraude do leite:
- As investigações da PF concluíram que o leite produzido nas fazendas era vendido para as cooperativas. Ali ele era adulterado com dois objetivos: aumentar o volume e mascarar a má qualidade do produto.
Primeiro recebia soro, que é a sobra da fabricação de queijo, muitas vezes usado para alimentar porcos. Depois se misturava água oxigenada, para matar as bactérias do leite contaminado pelo soro e aumentar o prazo de validade. Em alguns casos, também se jogava soda cáustica, para diminuir a acidez da mistura.
(...) Os depoimentos de dois dos principais envolvidos na fraude na Coopervale descrevem com detalhes a fórmula da adulteração: soda cáustica, sal, açúcar, citrato de sódio, ácido cítrico e água. O objetivo era o mesmo: aumentar a durabilidade e o volume do leite.
O grande mistério, para quem investiga o caso, é descobrir como a fiscalização rotineira do produto não detectou a fraude anteriormente. Um dos ex-funcionários da Casmil acusou os fiscais do Serviço de Inspeção Federal (SIF), que é ligado ao Ministério da Agricultura, afirmando que eles sabiam do esquema criminoso, mas faziam "vista grossa". Das 27 pessoas presas na segunda-feira, dois eram fiscais do Ministério da Agricultura.
(...) O homem que trouxe a fraude de leite à tona afirma que, a cada 100 mil litros de leite, a cooperativa ganhava 10 mil litros. De acordo com ele, a maior parte da mistura era composta de água, as substâncias químicas eram colocadas em pequenas quantidades.
EDITADO: No Jornal Hoje, uma reportagem mostrou relatório que aponta os malefícios do leite falsificado. Ele destrói as vitaminas A e E, além de prejudicar o estômago e o intestino.
6 comentários:
Valeu, Marcelo. Tenho lido os dois blogues, mas nunca mais comentei. Quem perdeu foi a Transparência. Espero que vc ganhe com isso.
Salve, Luiz Edmundo! Quanto tempo!
Até agora, tudo ótimo. Montei um pequeno escritório em casa, para fazer reportagens, traduções e outras coisas. Também estou escrevendo um livro sobre jornalismo. Estava grande a demanda e por isso decidi sair da Transparência.
Como o objetivo deste blog é mais maleável, vou postando por aqui as novidades conforme vão surgindo.
Volte sempre - mas você já sabia disso.
Marcelo, acompanho você desde o "Deu no Jornal", espero que seja bem sucedido na nova empreitada.
Sobre a nota, tenho lido com bastante interesse sobre essa história do leite "batizado" por razões óbvias (tenho uma filha de 4 anos que consome leite diariamente), mas o que me chama a atenção é que toda a imprensa só divulgou os nomes das cooperativas envolvidas no esquema.
É claro que importa saber onde está a origem do problema, mas como consumidor isso é só meia informação, ou menos que isso até. Eu a maioria das pessoas não compramos o leite diretamente da cooperativa, compramos o leite embalado numa caixinha longa vida. E aí? Como saber se o produto que compramos não é parceiro dessas cooperativas? Por que essa informação não é divulgada? Por muito menos que isso a imprensa divulga até o tipo sanguíneo do cidadão...
Ótima observação. A cobertura não chega a que marcas estariam em perigo. Na caixinha a gente dificilmente olha onde é produzido o leite. Acho que no começo da cobertura li algo sobre alguma marca, vou verificar.
Eu já fiquei pensando em quantas crianças ultimamente apareceram com a tal de lactose obrigando os pais a gastarem fortunas com leite importado, será que n/ao tem nada a ver?
Não sei, conheço muito pouco de química. Mas seria interessante ler sobre os possíveis efeitos dessa mistureba que colocaram. Ontem eu li que não fazia mal algum, mas eu duvido que isso seja verdade pra todo mundo.
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