sexta-feira, 16 de novembro de 2007

A música continua mais ou menos a mesma

Inflando o balão do zepelim antes do show mais disputado da história do rock - um escocês tarado já pagou o equivalente a R$ 288 mil por um ingresso -, o Led Zeppelin está lançando uma nova coletânea remasterizada com seus maiores sucessos. Chama-se "Mothership", nave-mãe. Não sei quando vai sair no Brasil. Em 1990, eles já tinham lançado a "Remasters" (lembro que eu via o vinil TRIPLO na loja e ficava babando).

Coletâneas, como sabe qualquer fã dedicado de uma banda, são uma forma de apresentar um bufê variado para atrair novos fãs e de civilizadamente colocar a mão no bolso do fã mais empolgado vendendo a ele o que ele já comprou. Eu não caio muito nisso, exceto quando a coletânea traz algo de novo - alguma música nunca antes lançada, um solo esquecido na gaveta do estúdio, uma versão sem vocais pra eu cantar por cima me achando o próprio Ian Gillan, etc.

Mas e essas coletâneas remasterizadas, fazem alguma diferença? O The Times foi atrás de um produtor musical pra descobrir. Eles pegaram a "Mothership", o "Remasters" e os vinis originais do Led Zeppelin pra ouvir simplesmente no equipamento do lendário estúdio Abbey Road.

    Uma coisa é garantida: eles estão tocando mais alto do que nunca. Começamos escutando a versão de 1990 de "Black Dog", a faixa de riff pesado lançada em 1971. Peter Mew escuta com atenção e balança a cabeça aprovando: 'bastante perto das matrizes originais', ele diz, 'sem muita coisa nova'. É rock'n'roll dinâmico, estridente, sangrento. Então pegamos o novo mix. Ele sai dos alto-falantes como uma locomotiva a vapor. 'Qual você prefere?', pergunta Mew. Bom, a nova é inicialmente mais chamativa, eu digo. Mais poderosa. Mas, enfim, talvez seja só mais alta. 'Sim, é mais alta', grita Mew, em reprovação. 'E, pra torná-a mais alta, precisa comprometer alguns detalhes, porque os CDs não podem processar tanta informação.'

    A tendência atual dos CDs é que sejam BEM ALTOS. Os engenheiros de masterização fazem isso reduzindo a diferença entre as partes muito quietas e as muito altas, pra que tudo ocupe um meio-termo vigoroso. Isso reduz a sutileza e a finesse. Mas, como os anúncios de televisão - que usam técnicas semelhantes de compressão pra ficarem mais altos do que os programas que interrompem - é claro pra diabo que isso FAZ IMPACTO."

Caso você leia bem em inglês, leia o original inteiro. É muito difícil ler no Brasil REPORTAGENS sobre artes e espetáculos, daquele tipo em que o cidadão tem que tirar a bunda da cadeira e entrevistar gente pra compreender o que está acontecendo, e não meramente sentar na cadeira e desenvolver o que acha a respeito de um novo lançamento.

A coisa é ainda mais difícil quando se trata de lançamentos de gravações. E praticamente impossível quando se trata de RElançamentos. Rarefeita quando se trata de coletâneas. Portanto, leiam essa reportagem.

Caso lhe interesse o assunto de como cada vez mais a indústria da música faz o melhor que pode pra nos vender o que já compramos antes, leia este post antigo do blog:

Eles estão de volta

    (Pessoalmente, eu não pretendo comprar o Mothership, mas nem por isso deixo de cair voluntariamente nessas coisas. Estou esperando há dois anos pra comprar pela terceira vez o disco Stormbringer, do Deep Purple. Tenho em vinil comido pelos cupins, tenho no CD lançado no Brasil e hei de ter na versão remasterizada, com solos inéditos e vocais que estavam na gaveta do baixista Glenn Hughes.)

Um comentário:

Anônimo disse...

Cara, o Led Zeppelin é o máximo, e estou aqui me corroendo pq não verei o show.
Sei que ninguém pode tudo, mas, na prática, o Led Zeppelin pode.