sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Cine trash é fichinha

(Escrevi este texto de madrugada, sem internet no quarto, então só estou postando agora.)

TV norueguesa de madrugada é sensacional.

Bom, só pra ter uma idéia, enquanto vocês estão às 10 da noite, aqui são três da manhã. A estas alturas, eu passei o dia de uma forma muito interessante. Comecei caminhando com paquistaneses no Sentrum de Lillehammer (recebendo por tabela os olhares de reprovação dos europeus para os amigos muçulmanos), tomei muito café ruim, participei de conferências com figuras carimbadas, assisti ao depoimento de um jornalista sudanês que foi preso em Guantánamo, aplaudi um americano radicado na França tocando Robert Johnson embalado por cerveja Ringnes, ganhei uma cerveja de um especialista em direito de acesso a informações públicas, paguei uma cerveja pra ele e fiz parte de uma festa simpaticamente alienígena do outro lado do hotel, com direito a vinho do leste europeu e tudo mais.

Bão. Ao chegar ao quarto, liguei a televisão num canal que passa programas muito toscos de madrugada. Hoje o programa consiste no seguinte: é uma loira platinada, com uma camiseta justa dizendo a frase “out of control”, ao lado de um quadro onde estão escritas várias frases em norueguês, com um número de celular para mandar torpedos. Tem um quadrinho onde os torpedos são reproduzidos. A loira está tendo uma conversa animada e interminável com um cara que não aparece no vídeo. Pelo barulho, parece que eles estão jogando alguma coisa. Ela se aproxima da câmera e tal. Mas é muito estranho esse negócio todo. Completamente nonsense.

Ontem não foi muito melhor, mas foi mais cedo. Outra loira, esta meio gordinha e menos platinada (mais bonita que a de hoje, aliás) botava músicas no ar e ficava curtindo a música, em silêncio, enquanto a música tocava e os torpedos se revezavam na tela. Quando terminava, ela fazia alguns comentários em norueguês. Entendi algumas palavras, como “Scorpions”, por exemplo.

Ontem à noite, eu conversava animadamente com a amiga brasileira Liege Albuquerque sobre as vantagens de conversar em português num lugar onde português é grego. Pouco tempo depois, descobri as desvantagens de não entender um oi (só obrigado e de nada) de norueguês, que pra mim é grego, na festa do Jan.

Eu juro que adoraria entender um pingo dessa língua deles pra saber o que a loira platinada out of control está dizendo tão empolgadamente para a câmera. Um dia ainda inventam o verdadeiro Babelfish.

Um comentário:

Paulo Henrique disse...

Que que ce tá fazendo na Noruega, fio??!!
abraço