quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Continência

Acaba de chegar às bancas em São Paulo a revista Novos Vingadores 49, onde morre o Capitão América. Nela, eu só traduzi a história dos Novos Vingadores, mas a mais importante é a da morte do Capitão.

Ela recupera uma série de trechos das primeiras histórias do personagem após voltar de 20 anos de congelamento, entre 1964 e 1967. Essas histórias devem sair num encadernado, nos próximos dias - esse sim eu traduzi.

O Capitão América é um personagem complicado de escrever. Ele tem fases horrivelmente chatas. Quando resolve transformá-lo em porta-voz do patriotismo, cada roteirista usa o personagem como porta-voz das suas próprias idéias. Isso sempre me enche a paciência. De qualquer forma, pra mim, a melhor fase disso foi a publicada logo depois do 11 de setembro.

Desta vez, o Capitão foi tratado com menos ideologia e mais crise. Ao longo de 25 histórias, o roteirista Ed Brubaker o inseriu uma trama de espionagem e traição. A política aparece como um elemento externo no meio do caminho do herói.

Se nos anos 40 o Capitão era uma ferramenta de inspiração para os soldados que iam lutar na Europa e no final dos anos 70 ele ecoava a dúvida sobre se era possível ser patriótico sem querer um Vietnã, sua morte agora soa como um comentário ao fracasso dos EUA nas guerras que compraram. Ou ao fracasso do modelo do herói cordial, num mundo tão cheio de nuances.

Como em gibi quem é morto sempre aparece, o Capitão vai voltar em breve - primeiro como homenagem, e vai saber quando ele volta como ele próprio. De qualquer forma, a história escrita pelo Ed Brubaker é boa o suficiente pra ser lida e entendida por qualquer um que não tenha 20 anos de leitura de gibis nas costas.

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