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Boa parte das histórias tem um sabor antigo - claro, foram publicadas entre 1963 e 1966. Várias delas foram retomadas outras vezes ao longo dos últimos mais de 40 anos. Inclusive a gloriosa história dos Hibernantes.
As primeiras são bem bobinhas: recém-despertado vinte anos depois da Segunda Guerra Mundial, o Capitão encontra um mundo todo mudado, onde ele não se encaixa muito bem. Ingênuo, em três ou quatro histórias ele enfrenta criminosos comuns que pretendem tirar vantagem dele. Nos diálogos, ele sempre dá um jeito de falar da importância do exercício para os jovens.
Nessa edição, não estão presentes as cartas dos leitores das edições originais. Mas elas eram muito interessantes. Questionavam, por exemplo, por que trazer de volta o Capitão se ele só enfrentava inimigos fuleiros. E o legal de tudo era ver que Stan Lee atendia aos pedidos dos leitores e mudava o rumo.
Primeiro, ele faz uma história do Capitão no Vietnã, para resgatar um soldado americano. Os diálogos com todo o ranço da guerra fria são divertidamente constrangedores. Como a história em si era constrangedora, logo depois eles passaram a mostrar o Capitão na Segunda Guerra. E é aí que reside a maior parte do charme desse encadernado.
Stan Lee e Jack Kirby fazem uma homenagem às histórias que produziam com o personagem vinte anos antes, mas com uma narrativa um tanto mais atualizada. Resgatam desenhistas dos anos 40, que foram para o ostracismo quando os gibis de heróis foram anatematizados pela caça às bruxas dos anos 50. Stan Lee desfila todo o seu conhecimento das batalhas da Segunda Guerra Mundial.
Ao traduzir o gibi, por várias vezes precisei consultar um guia de batalhas da Segunda Guerra que ganhei do meu tio-avô. É impressionante a riqueza de detalhes colocada ali por Lee e Kirby.
Então, as cartas de leitores mais uma vez sinalizam uma mudança. Eles começam a reclamar: "pô, se é pra publicar só histórias do Capitão na Segunda Guerra, pra que trazer ele de volta?" E Lee e Kirby atendem, levando o Capitão para a atualidade dos anos 60.
É aí que surgem as melhores histórias do encadernado. Imagine que você tivesse passado 20 anos preso no gelo - e de repente fosse resgatado, num tempo que não era o seu. Que fim teriam levado seus amigos, seus amores, ou até mesmo o sargento casca-grossa que o chamava de estrupício? Como viver numa época em que, ao contrário da guerra em preto-e-branco, os inimigos não estão tão claros? Esses são os dilemas do Capitão América nos anos 60.
Mal posso esperar o segundo encadernado, onde esses dilemas devem se aprofundar.
Melhor que isso, só a série atual do Capitão América, onde ele morre. Mesmo assim, ao ler a história da morte do Capitão (em Novos Vingadores 49), fica claro que o roteirista Ed Brubaker baseou todo o seu trabalho naquelas velhas histórias. E, se você fizer como eu e reler tudo o que o Brubaker fez com o Capitão, fica ainda mais claro.
Nota 10, com louvor.
segunda-feira, 28 de abril de 2008
Para ler o Capitão América
Postado por Marcelo às 10:08
Marcadores: Panini, trabalhos meus
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